Em princípios de outubro de 1967, Che Guevara e seu grupo guerrilheiro enfrentavam graves problemas de mobilidade, vital num combate de armamento e apoio logístico. Deparava-se com um terreno desconhecido, não recebeu respaldo do partido comunista boliviano e não conseguiu conquistar a confiança dos poucos camponeses moradores da região. É cercado e capturado em 8 de outubro pelas forças armadas da Bolívia, apoiadas e treinadas pelos rangers norte-americanos e executado friamente no dia seguinte, 9 de outubro, pelo soldado boliviano Mário Terán, a mando do Coronel Zenteno Anaya, na aldeia de La Higuera, perto de Vallegrande, no departamento (estado) de Santa Cruz.
Suas mãos foram amputadas e levadas para os Estados Unidos, a fim de confirmar a identidade do “principal inimigo do imperialismo norte-americano nas Américas”.
Em 1997, após intensas buscas em toda a região, os restos mortais de Che foram encontrados e cientificamente identificados. O corpo do chefe guerrilheiro, assim como de vários de seus companheiros, foi enviado de volta a Cuba. Numa cerimônia presidida por Fidel Castro e assistida por centenas de milhares de pessoas, foram enterrados num imenso mausoléu, especialmente construído na cidade de Santa Clara, onde travou e venceu a mais importante das batalhas contra o Exército de Fulgêncio Batista.
Ernesto Rafael Guevara de la Serna nasceu em Rosário, na Argentina, em 14 de junho de 1928. Filho de uma família de classe média, cursava medicina em Buenos Aires quando resolveu percorrer com um amigo a América do Sul a bordo de uma motocicleta. Assim, testemunhou a miséria e a opressão em que viviam as classes mais pobres. Recebeu o diploma em 1953 e continuou fazendo suas viagens pela América Latina, envolvendo-se com as organizações sociais de esquerda.
Em meados da década de 1950, estando na Cidade do México conheceu Raúl Castro que o apresentou ao irmão, Fidel Castro, que havia passado um ano e dez meses preso na ilha de Pinos, Cuba. Anistiado, viajou para o México a fim de preparar um futuro desembarque na ilha. Foi ali que Ernesto Guevara recebeu a alcunha de Che, típica expressão argentina que usava quando se dirigia a alguém.
Guevara desempenhou um papel central na tomada do poder por Fidel. Mais tarde, tornou-se seu braço direito no exercício do poder e como presidente do Banco Central e ministro da Indústria. Che opôs-se vigorosamente à dominação dos Estados Unidos na América Latina e defendeu a formação de guerrilhas como meio para combater a injustiça social nos países do Terceiro Mundo e chegar ao poder.
Fidel Castro, mais tarde, descreveu Che como “um artista da guerra revolucionária”. Guevara renunciou a todos os cargos no governo de Cuba numa famosa carta lida por Fidel diante do Comitê Central do Partido Comunista em abril de 1965, alguns dias depois de desaparecer de cena, possivelmente por divergências com Fidel quanto aos rumos da economia e da política externa, visto que discordava frontalmente da burocracia e do dogmatismo imperantes na União Soviética.
Che desapareceu de vista, viajou para o Congo, África, onde tentou montar, sem êxito, um foco guerrilheiro. Viajou então para a Bolívia, montou seu pequeno exército guerrilheiro e de lá não saiu vivo.
Depois de sua morte, nas circunstâncias em que ocorreu, Che tornou-se herói para povos em todo o mundo, símbolo do anti-imperialismo e da revolução, apesar de nem todos julgarem Che Guevara um herói. É acusado de ter ordenado a execução de centenas de pessoas, consideradas inimigas da Revolução Cubana.
A foto tirada por Alberto Korda, em 1960, veio a ser um ícone: a imagem de Che trajando um barrete com a estrela ao centro difundiu-se intensamente, até os dias de hoje, em todos os quadrantes do globo.
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