Um dia após o governo brasileiro anunciar a taxação de investimento estrangeiro, a BM&FBovespa fechou o pregão de hoje (20) com desvalorização de 2,70%, aos 65.303,11 pontos. Nos Estados Unidos, os índices seguiram o mesmo rumo, com Dow Jones caindo 0,54% e Nasdaq, do mercado eletrônico, 0,62%.
O dólar comercial fechou o dia em alta de 1,86%, a 1,743 reais para compra e 1,745 para venda, maior valor em duas semanas. O ganho percentual é o maior desde 22 de junho, quando a moeda subiu 2,58%.
A queda da Bovespa e a subida do dólar eram previsíveis após o anúncio da taxação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), feito pelo governo ontem, na avaliação do economista Robson Golçalves, da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Um dos objetivos da medida era exatamente conter a desvalorização do dólar.
“Acredito que o resultado se deu mais pela expectativa com o informe do governo, que pretendia obter esses resultados. A sustentação a longo prazo é questionável”, afirmou ao Opera Mundi.
Já o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, explica que o mercado reage à medida tentando conter possíveis prejuízos futuros. A medida aplicada pelo governo, segundo ele, mostra que “durante a brincadeira mudou a regra do jogo”, o que afastaria o especulador, pois eles passam a temer novas alterações.
Nos Estados Unidos, a queda foi motivada pela divulgação de resultados econômicos negativos. O Departamento de Comércio informou que a construção de novas residências avançou 0,5% em setembro deste ano, em relação ao mês anterior. Já o número de licenças para construção de casas recuou 1,2% em setembro. Ambos abaixo das estimativas dos analistas. Além disso, os agentes financeiros também destacaram que o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) registrou declínio de 0,6% em setembro de 2009.
Nos outros mercados da América Latina, também houve desvalorização, com exceção da Bolsa do México, que fechou com leve alta de 0,24%. Santiago encerrou com queda de 0,32% e o argentino Merval, com 0,35%.
Europa
Após fechar o pregão de ontem no maior nível em um ano, os índices do mercado financeiro europeu tiveram desvalorização. O principal índice europeu de ações, o FTSEurofirst 300, fechou com desvalorização de 0,39%, aos 1.022 pontos, após atingir 1.031 pontos na sessão anterior, maior patamar em 12 meses. Em Londres, o índice Financial Times fechou em queda de 0,72%. Cederam também Frankfurt, com 0,7%; Paris, com 0,54%; Milão, com 0,81% e Madri, com perda de 0,8%.
O motivo da queda, segundo analistas do mercado financeiro, são os números mais fracos que o esperado do setor imobiliário nos Estados Unidos e a desvalorização dos papéis do Barclays por conta do anúncio de venda parcial anunciada pelo Qatar.
O setor financeiro foi o que teve maior desvalorização. O banco britânico Barclays cedeu 4,7% com as notícias de que a companhia estatal Qatar Holding está vendendo uma participação de 2,1 de bilhões dólares nas ações da empresa. Como conseqüência, outros bancos também tiveram desempenho negativo, com o HSBC, Royal Bank of Scotland, Credit Agricole, Natixis e Credit Suisse, cedendo entre 0,2% e 2,8%.
Outra notícia importante para o investidor do mercado europeu foram os números da construção de novas moradias nos Estados Unidos, questionando a hipótese de recuperação do ritmo do mercado financeiro pré-crise.
“Tudo destoa da visão que o pior já passou e que a economia irá se recuperar fortemente em 2010, impactando o mercado. Hoje vimos que o dado de moradias nos Estados Unidos não foi tão fantástico”, disse Philippe Gijsels, estrategista sênior no Fortis BNP em Bruxelas.
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