Favorito do presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, para sucedê-lo, o ex-ministro da Economia Danilo Astori teve de se contentar com a candidatura a vice na chapa da Frente Ampla, encabeçada pelo ex-guerrilheiro José “Pepe” Mujica. Mas na disputa cujo primeiro turno será realizado amanhã (25) ele é mais do que um colega do favorito para vencer a disputa: é a garantia de um político tradicional e de perfil técnico no Palácio Estévez.
Ao contrário da grande maioria dos últimos ministros da Economia do Uruguai, Astori ganhou popularidade no cargo. Sua presença na fórmula presidencial torna mais crível para os uruguaios a promessa de crescimento acumulado de 30% do PIB nos próximos cinco anos feita pelo ex-combatente tupamaro. Junto das políticas de direitos humanos e sociais, o manejo das contas do país é um legado do governo Vázquez que os uruguaios não querem desperdiçar.
Até o início deste ano, Mujica e Astori competiram pela indicação para nome do partido governista, que une de social-democratas a comunistas uruguaios, para suceder Vázquez – o primeiro a romper, em 2004, o domínio dos partidos conservadores dominantes, o Blanco e o Colorado. Cerca de 53% dos membros do partido votaram pela candidatura presidencial do socialista e 38% pela do social-democrata. Além da vice, o preferido do presidente disputará uma das 30 vagas para o Senado (o que é autorizado no Uruguai).
A entrada de Astori na disputa dissolveu temores dos mais conservadores indecisos, que não aprovariam a proximidade dele com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, de acordo com pesquisas internas da Frente Ampla. Com o tempo, Mujica, antes visto como um bonachão boquirroto sem credenciais para ser presidente e continuar um governo de Tabaré, ganhou apoio e pode vencer já no primeiro turno. Se houver segunda votação, sua intenção de voto supera os 65% contra o candidato blanco, o conservador ex-presidente Luis Alberto Lacalle.
Apoio do governo
“Tabaré poderia ficar mais distante da campanha de Mujica se Astori não participasse. E sem ele a campanha da Frente Ampla não teria um político com perfil mais técnico e social-democrata para equilibrar a liderança popular de Mujica”, disse ao Opera Mundi o sociólogo Agustín Canzani, diretor-geral da Fundação Líber Seregni e conselheiro político do atual presidente uruguaio.
“Ele também serve para decidir um pouco os votos dos 10% que estão indecisos nesta reta final. É claro que há parte disso que é voto envergonhado que pode vir para Mujica de qualquer maneira, mas tem gente que se preocupa com a economia e que pode votar na chapa governista porque ali está a garantia de que vai continuar tudo. Lacalle já falou em cortar gastos sociais e muita gente pode querer ver a questão resolvida logo, já que têm garantia de prosseguimento com Astori.”
Para o sociólogo Canzani, “Astori seria um bom candidato à Presidência mesmo sem Mujica, que tem os méritos de grande comunicação com o povo e de ter se articulado internamente melhor. Mas o fato é que muita gente que votará em Mujica só o fará porque sabe que Astori serve de anteparo”, afirmou o especialista.
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