Com o apoio dos Estados Unidos, o Panamá proclamou sua independência da Colômbia em 3 de novembro de 1903. A decisão foi orquestrada pela Companhia do Canal do Panamá, uma corporação franco-americana ansiosa pelos lucros que teria com a exploração da conexão do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico.
A própria extensão territorial dos EUA, de um oceano a outro, criava novos problemas para expansão do comércio e a sua defesa militar. Era preciso agilizar a comunicação entre os dois oceanos, permitindo um deslocamento rápido da marinha mercante e da frota de guerra norte-americanas. Havia anos, a solução defendida era um canal que cortasse a América Central, onde a distância entre Atlântico e Pacífico era menor. O lugar ideal para construí-lo era a região do istmo do Panamá, pertencente à Colômbia. No entanto, o governo colombiano se opôs à condição, exigida pelos norte-americanos, de constituir um enclave militar e comercial em seu território.
Em 1903, foi assinado o Tratado Hay-Herrán, em que a Colômbia cedia aos EUA o uso do istmo em troca de compensação financeira. O senado em Washington ratificou o tratado, mas o senado colombiano o rejeitou, temendo perder a soberania sobre a região. A Casa Branca passou então a insuflar grupos separatistas, envolvendo tanto os interessados na construção quanto a população local. Nesse cenário de insurreição, o Panamá se declarou independente da Colômbia.
Quando as lutas começaram, o presidente Theodore Roosevelt, invocando um tratado de 1846, ordenou à Marinha norte-americana que enviasse um navio de guerra à região para “exercícios de treinamento”, alertando com sua presença as tropas colombianas. Historiadores argumentam que o medo de uma guerra contra os EUA obrigou os colombianos a evitarem uma oposição séria ao movimento. Os panamenhos, vitoriosos, retribuíram o favor a Roosevelt, permitindo aos EUA o controle da zona do canal a partir de 23 de Fevereiro de 1904.
A nova República do Panamá foi formalmente reconhecida três dias mais tarde. Em 17 de novembro, foi firmado um novo tratado, agora com as autoridades do Panamá, cedendo aos EUA o controle exclusivo da zona do canal em caráter perpétuo, em troca das mesmas compensações financeiras oferecidas à Colômbia. Também foram cedidos aos norte-americanos outros lugares necessários à defesa do canal, mais o controle sanitário da Cidade do Panamá.
Esforços posteriores da Colômbia para recuperar o território fracassaram. Em troca de dezenas de milhões de dólares, Bogotá concordou em reconhecer a independência do Panamá.
Em 15 de agosto de 1914, o Canal do Panamá foi inaugurado com a passagem do transatlântico Ancon, um navio de passageiros e de carga. Somente na metade da década de 1970 se renegociou o acordo e se definiu que o canal seria área soberana do Panamá no final do século. Depois de décadas de protesto e negociações, o Canal do Panamá passou definitivamente ao controle dos panamenhos em dezembro de 1999.
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