Venezuela e Colômbia deveriam assinar um pacto de não-agressão e implantar um sistema de vigilância conjunta na fronteira. A opinião é do assessor para questões internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marco Aurélio García, em entrevista ao jornal espanhol El Pais. Segundo ele, o Brasil ajudaria “com meios técnicos”.
“Seria interessante para a Venezuela e Colômbia um acordo sobre um sistema de monitoramento conjunto da sua fronteira comum e não excluo um pacto de não-agressão. Para o monitoramento conjunto, ajudaríamos com meios técnicos, como aviões de vigilância “, disse García.
A tensão entre as duas nações vizinhas cresceu desde que a Colômbia decidiu assinar um acordo militar com os Estados Unidos, fato condenado pela Venezuela, que teme ingerências em seu território. Na última semana, o assassinato de dois militares venezuelanos na região fronteiriça fez o presidente Hugo Chávez decretar o fechamento parcial da fronteira. Ontem (03), Chávez reabriu a passagem pelas pontes.
O assessor criticou o acordo entre Washington e Bogotá. “Não nos parece certo. Nós não podemos impedir a Colômbia de tomar as suas decisões, mas temos certeza de que haverá um desequilíbrio na região”, explicou.
Neste sentido, considera que os “movimentos da diplomacia de Obama ainda são contraditórios”, e citou sua atitude em relação a Cuba e Honduras.
Liderança
Questionado sobre a liderança atribuída ao Brasil, o assessor de Lula disse que tenta “não assumir esta idéia do Brasil como potência por uma questão de como devem ser as relações em nossa região”.
Após reconhecer que “temos feito todos os esforços para diluir a imagem de potência”, afirmou que essa atitude “tem criado problemas internos quando não reagimos a certas atitudes belicosas da Bolívia em relação ao gás, ou quando assinamos recentemente um acordo com o Paraguai sobre a energia elétrica”.
Fronteira
O governo venezuelano flexibilizou ontem o trânsito na fronteira da Venezuela com a Colômbia – a passagem pelas pontes Simón Bolívar e General Santader foi liberada, a primeira, somente para pessoas e a segunda, também para veículos.
Segundo o diretor da Polícia do estado venezuelano de Táchira, Jesús Alberto Berro, em entrevista ao El Colombiano, os últimos episódios de violência também provocaram um aumento da presença militar na região.
Manuel Rodriguez/EFE (03/11/2009)
Mais de 40 mil pessoas atravessam todos os dias a fronteira e o comércio na região vem sendo comprometido. Na foto, pessoas passam ilegalmente pela ponte Simón Bolivar, em Cucuta, na Colômbia.
Confira a íntegra da entrevista aqui
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