Duas manifestações ocorreram em São Paulo esta semana. Na quinta-feira (12), um grupo de cerca de 30 pessoas foi às ruas contra a vinda ao Brasil do presidente israelense, Shimon Peres. Neste domingo (15), foi o contrário: frentes e grupos pró-israelenses, além de ativistas por democracia e direitos humanos, juntaram cerca de 1,5 mil pessoas para protestar contra a visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, marcada para o próximo dia 23.
No final da tarde de quinta-feira, cerca de 30 integrantes de grupos e partidos como a Conlutas, o PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) e a Frente em Defesa do Povo Palestino de São Paulo – se reuniram no vão do Masp (Museu de Arte de São Paulo), e de lá seguiram poucos metros até a Fiesp (Federação de Indústrias do Estado de São Paulo), onde o presidente israelense conversava com empresários.
De dentro do prédio podia-se ouvir a pequena, mas barulhenta, aglomeração de pessoas gritando slogans como “Shimon, assassino do povo palestino!” e “Estado de Israel, Estado assassino, e viva a liberdade do povo palestino!”.
No megafone, o jovem Roberto Gustavo Porfírio, afiliado ao PSTU, gritava que as armas usadas em Gaza foram testadas para serem vendidas aqui. Faixas e cartazes traziam pessoas sangrando e escritos chamando Peres de “nazista” e “assassino”.
Três dias após o protesto, cerca de 1,5 mil pessoas se reuniram na Praça dos Arcos, no bairro de Higienópolis, para protestar contra a vinda de Ahmadinejad. Entre a multidão, encontravam-se muitas crianças e idosos. Uma senhora se recusou a dar entrevista ao Opera Mundi pelo fato de o site ter coberto também a passeata contra Shimon Peres.
Apesar de grande parte dos manifestantes na praça ser de origem judaica, também estavam no local membros da recém-fundada Frente pela Liberdade do Irã (FLI), que abriga movimentos negros, de defesa dos homossexuais e professores universitários.
Cartazes expostos na praça lembravam que “gays e lésbicas são mortos no Irã” e uma foto do presidente continha a legenda: “Ele apedreja mulheres”.
Visões opostas
O cineasta Daniel Lobo Filho, 52 anos, disse participar da manifestação por ser contra o regime “totalitário” de Ahmadinejad, apesar de não esquecer que o fato de ele estar no poder foi por escolha do povo iraniano. Lobo também diz achar importante entender a visão de Ahmadinejad, embora diga que a teocracia iraniana “é um regime brutal”.
“O que não sai da minha cabeça, e o motivo principal para eu estar aqui hoje, é a foto da professora que foi morta numa passeata alguns meses atrás”, diz o cineasta, lembrando a morte de Neda Agha-Soltan.
A estudante Daniela Ades, de 19 anos, que distribuía panfletos durante a manifestação, disse sobre a passeata anterior que “Eles tem direito de lutar pelo que acreditam”, assim como eles hoje manifestavam contra a visita do presidente iraniano. “Se eles não apoiam Israel, é direito deles manifestar-se pacificamente”, pondera.
Outras cidades
Pérsio Bider, presidente da Juventude Judaica Organizada e um dos realizadores do evento, explicou que não sairia em passeata, ao contrário do protesto na quinta-feira. Ele definiu a manifestação de domingo como “um evento pacífico, que não visa atrapalhar a vida dos outros”.
Bider ainda revelou ser contra o regime iraniano, que classificou de “terrorista, regido por um homem que nega a existência do Holocausto”.
Entre as entidades judaicas que participaram do evento, estavam a Conib (Confederação Israelita do Brasil), a Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo), a B´nai B´rith do Brasil e a JJO (Juventude Judaica Organizada).
Nesta mesma semana, ainda estão programadas para ocorrer manifestações no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Goiânia e em Boa Vista.
NULL
NULL
NULL