A preocupação crescente com a segurança dos aeroportos nos Estados Unidos e Europa chegou também ao Canadá. Dias após os norte-americanos divulgarem novas normas de vigilância do tráfego de passageiros, o governo canadense confirmou que também vai instalar scanners corporais em seus maiores aeroportos.
“Devido ao incidente do último dia 25 [a tentativa de atentado a bomba na noite de Natal em um voo entre Amsterdã e Detroit], o nosso governo está acelerando algumas ações para proteção dos viajantes”, declarou o ministro dos Transportes do Canadá, John Baird, em anúncio oficial feito nesta terça-feira (5).
Segundo o governo, a partir desse mês serão instalados 44 scanners em aeroportos de oito cidades: Vancouver, Calgary, Edmonton, Winnipeg, Toronto, Ottawa, Montreal e Halifax. Passageiros que embarcarem via alguma dessas cidades poderão escolher entre passar por revista pessoal ou pela análise de seus pertences através do novo dispositivo.
Repercussão
A decisão pela instalação dos scanners não agradou aos membros de partidos da oposição e algumas associações que defendem a privacidade dos cidadãos no Canadá.
Para o parlamentar Don Davies, os novos scanners são uma tecnologia de eficácia ainda não comprovada e que, portanto, não eliminam riscos de atentado em voos no Canadá. “Eu não acho que os canadenses estão mais seguros com isso”, declarou.
Já a Associação Canadense pela Liberdade Civil divulgou nota demonstrando preocupação com o uso inadequado das imagens geradas pelos scanners. “Até que os passageiros tenham certeza que sua privacidade está assegurada, esse tipo de ferramenta não deveria ser considerada”.
Mais restrições
A instalação dos scanners, porém, não é a única medida de segurança para os aeroportos em estudo no Canadá. O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, afirmou em entrevista ao canal de televisão CBC News que mais mudanças estão em fase de análise.
Uma delas é implementação de uma revista diferenciada dos passageiros provenientes de determinados países classificados como de risco. A medida já foi anunciada pelos EUA nesta semana e também poderia servir de exemplo para o Canadá.
“Nós sofremos as mesmas ameaças. Não podemos dizer que o que ocorreu lá [nos EUA] não poderia ocorrer aqui”, afirmou Harper. “Por isso, nós vamos olhar as medidas que estão sendo tomadas lá e tomar medidas para que nada ocorra por aqui.”
Harper disse, no entanto, que o Canadá tem leis e sentenças judiciais sobre privacidade e discriminação diferentes das dos Estados Unidos. Tudo isso, segundo ele, teria de ser levado em consideração antes de mais ações.
Legislação
Atualmente o governo canadense já enfrenta problemas por elaborar leis baseadas na legislação dos EUA. Após os atentados de 11 de Setembro, o país também pôs em prática uma lei antiterrorismo que possibilitou a detenção e extradição de suspeitos de envolvimento em organizações terroristas.
Seguidas sentenças judiciais de tribunais canadenses, porém, já definiram que certos artigos dessa lei são inconstitucionais. A Suprema Corte do Canadá, então, ordenou a reforma na legislação. No mês passado, o ministro da Segurança Pública do Canadá, Peter Van Loan, anunciou que o governo já está trabalhando em uma nova lei.
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