O Brasil mandará mais 750 militares e 150 policiais para o Haiti, atendendo a pedido da ONU (Organização das Nações Unidas), disse hoje (20) o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Os 900 novos integrantes representam um aumento de 72% em relação aos 1.266 brasileiros que integram atualmente a Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti), liderada pelo Brasil.
Segundo o ministro, o reforço será destinado prioritariamente a combater a violência, mesmo trabalho que vem sendo feito desde 2004, quando teve início a Minustah. A ajuda humanitária, disse Amorim, ficará mais a cargo das forças internacionais que atuam no país desde o terremoto da semana passada. Ou seja, principalmente dos Estados Unidos, que despejaram cerca de 10 mil militares no Haiti e têm hoje o maior contingente, assim como ocorria até 2004.
Nos últimos dias, houve relatos sobre falta de coordenação entre as forças da ONU e dos EUA, que estaria atrapalhando os trabalhos. Um funcionário do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) disse à reportagem do Opera Mundi, em Porto Príncipe, que “o alto nível de tensão entre o exército dos EUA e as forças da ONU é uma das principais causas do atraso no fornecimento de ajuda”. Amorim, no entanto, não entrou nesse mérito.
A decisão da diplomacia brasileira atende a uma decisão do Conselho de Segurança da ONU, que aprovou pedido do secretário-geral, Ban Ki-moon, de enviar mais 2.000 militares e 1.500 policiais, elevando o total autorizado para as forças das Nações Unidas no país para 8.940 militares e 3.711 policiais.
Mas como o envio de mais militares e policiais precisa de aprovação do Congresso, uma comissão representativa de oito senadores e 17 deputados foi convocada para se reunir extraordinariamente no dia 25 e votar a requisição. Os ministérios da Defesa e da Justiça já haviam anunciado durante a semana que tinham pessoal pronto para embarcar para o país caribenho e esperavam apenas a determinação do governo.
Ricardo Stuckert/Presidência da República
Os corpos de 17 dos 18 militares brasileiros mortos no terremoto chegaram nesta quinta-feira ao Brasil e foram homenageados na Base Aérea de Brasília.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia e depositou sobre cada caixão uma condecoração póstuma (foto acima).
Ajuda financeira do governo
O Brasil também deverá aumentar a doação em dinheiro para a reconstrução do Haiti, disse Amorim, que participará de uma reunião com outros países doadores na próxima segunda-feira (25) em Montreal, no Canadá. Segundo o ministro, os 15 milhões de dólares que o Brasil já havia anunciado, dos quais 5 milhões foram transferidos para a ONU hoje, seriam destinado à ajuda emergencial. Além disso, será preciso um grande esforço e ajuda internacional para a reconstrução do país.
Amorim relatou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já disse que deve ampliar as doações para essa finalidade, sem, no entanto, adiantar valores, e que o tema será uma das prioridades na reunião em Montreal.
O emir do Catar, xeque Hamad Bin Khalifa Al Thani, que esteve hoje no Brasil em visita oficial, disse ao presidente Lula que também pretende ajudar o Haiti e prefere que esse auxílio seja feito por intermédio do Brasil. O governo brasileiro também quer ampliar os projetos no Haiti do fundo Ibas, que reúne recursos do grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul e se destina a investimentos em países em desenvolvimento.
Ajuda financeira dos cidadãos
O governo abriu duas contas bancárias pra receber doações em dinheiro da população. Segundo o Itamaraty, essa é a melhor maneira para que a população em geral ajude. O governo alega que não tem condições de coletar doações de alimentos e água, a não ser de empresas que doem grandes quantidades e tenham condição de entregar os produtos já prontos para o embarque. As contas são:
Conta SOS Haiti, aberta pela Embaixada do Haiti no Brasil:
Banco do Brasil – Ag. 1606-3 / CC 91000-7
Conta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud):
Caixa Econômica Federal – Ag. 0647 / operação 003 / CC 600-1
(atualizado às 21h45 do dia 21/1/2010)
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