O Brasil deve ajudar o Chile, que teve parte do país devastado pelo terremoto no último sábado (27), com o envio de profissionais de saúde, estruturas para hospitais de campanha e pontes móveis. Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador do Chile no Brasil, Álvaro Días Pérez, definiu o ocorrido como a “pior catástrofe” desde 1960, quando houve um terremoto de 9,1 graus na escala Richter.
“A catástrofe é bem maior do que se falava inicialmente”, disse, ao se referir às 711 mortes provocadas pelo terremoto, que também deixou muitos desaparecidos e feridos. “Há muito o que ser feito. Quero agradecer a solidariedade do povo brasileiro”, acrescentou o embaixador. Segundo ele, em um período de 24 a 48 horas, os aeroportos chilenos devem voltar a funcionar normalmente.
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O diplomata disse ainda que em decorrência do Fundo Soberano do país, sustentado por excedentes da produção de cobre, há cerca de 18 bilhões de dólares que podem ser utilizados para situações de crise. De acordo com ele, o dinheiro é aplicado em casos de crise econômica ou de catástrofe, como o terremoto ocorrido no último sábado, que atingiu 8,8 graus. Leia a seguir os principais trechos da entrevista com o embaixador:
As informações mais recentes indicam que há pelo menos 711 mortos, muitos desaparecidos e feridos. Os números podem ainda aumentar?
A catástrofe é bem maior do que se falava inicialmente. As perdas de vidas já atingem 711 pessoas, ainda há muitos desaparecidos e feridos. Há muito o que ser feito. Isso porque houve vários tsunamis que atingiram regiões turísticas. Mas, de acordo com a Embaixada do Brasil no Chile, não há informações sobre brasileiros mortos, feridos ou desaparecidos, felizmente.
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Como o senhor classifica o terremoto do último dia 27?
É uma catástrofe só comparável a uma outra que ocorreu em 1960. Na época o terremoto atingiu 9,1 de magnitude. As nossas prioridades são localizar os corpos, identificá-los, dar assistência às vítimas e reorganizar o país. Há um sistema de emergência funcionando de forma acelerada para que tudo isso seja feito. Queremos garantir água, energia, comunicação e comida para todos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se colocou hoje (1) à disposição para ajudar o Chile. Os senhores querem algum tipo de apoio dos países latino-americanos?
Não é necessário comida nem água em garrafa. O que precisamos é de hospitais de campanha, equipes de resgatistas [profissionais de saúde], apoio para o sistema de geração de energia e estruturas para [montar] pontes modulares. Isso está sendo conversado com o Gabinete de Crise do governo [que funciona na Presidência da República] para definir a operacionalização.
O Chile dispõe de alguma reserva financeira para situações como esta causada pelo terremoto?
Sim, temos um Fundo Soberano que hoje está na ordem de cerca de 18 bilhões de dólares e costuma ser utilizado quando há crises econômicas e catástrofes, como a ocorrida agora. O fundo foi organizado com excedentes da produção de cobre, que não foi atingida. Não há ainda cálculos sobre os prejuízos, mas já se sabe que as áreas atingidas foram as que reúnem a produção de vinhos e produtos florestais, além de pescado. Os grandes portos não foram atingidos.
O que ocorreu no Chile abalou muito os brasileiros e foi sentido também em São Paulo.
Quero agradecer a solidariedade do povo brasileiro. Uma vez o Barão do Rio Branco [a principal referência para a diplomacia brasileira] disse que a amizade entre o Brasil e o Chile era imensa. Gostaria ainda de dizer que dentro de 24 a 48 horas esperamos que seja normalizado todo o sistema de voo no país [o funcionamento dos aeroportos].
Mas é difícil manter a calma que o senhor sugere em situações assim.
Eu peço para os brasileiros que estão no Chile e querem voltar para casa e os chilenos que estão no Brasil e também querem retornar que tenham confiança de que tudo será resolvido. Todo o sistema será reconstruído.
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