A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, se disse disposta a “encorajar” um diálogo entre Reino Unido e Argentina pela soberania das ilhas Malvinas, depois que a presidente argentina, Cristina Fernández, solicitou a intervenção do “país amigo” de argentinos e britânicos.
A questão em torno do conflito pela soberania do arquipélago foi parte de uma reunião de pouco mais de uma hora entre Cristina e Hillary, ontem (1), em Buenos Aires, classificada como “frutífera, muito agradável e muito respeitosa” pela líder argentina.
Daniel Vides/Efe
Hillary e Cristina abordaram também o programa nuclear iraniano e o golpe de Estado em Honduras
“Solicitamos a intermediação amigável dos EUA para que possamos nos sentar e discutir a soberania das Malvinas, contemplando os interesses dos habitantes das ilhas”, disse Cristina, em entrevista coletiva após o encontro.
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A polêmica em torno da questão das Malvinas, motivo de uma sangrenta guerra em 1982 entre Reino Unido e Argentina, que insiste com suas exigências de soberania, se reavivou nas últimas semanas pelo início das atividades de prospecção petrolífera no arquipélago por parte empresas britânicas.
“Não queremos nos afastar de dezenas de resoluções das Nações Unidas e de seu Comitê de Descolonização. Isso é o que pretendemos: sentar, dialogar e negociar”, garantiu Cristina.
Sem falar diretamente sobre a disposição dos EUA a aceitar um papel negociador, Hillary se mostrou aberta a propiciar uma aproximação das partes. “Estamos de acordo: gostaríamos de ver Reino Unido e Argentina sentados para falar e discutir o tema. (…) Queremos encorajar os países a sentarem à mesa para discutir, mas não podemos obrigá-los. Acreditamos que é a forma de correta de agir”, disse a secretária americana.
Honduras
Outro ponto central do encontro foi a posição de cada país frente ao golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya, de Honduras, em junho de 2009.
“(Argentina e EUA) temos diferentes pontos de vista. Isto, longe de fazer com que possamos trocar opiniões, nos transforma em pessoas muito sérias e maduras que podem discutir coisas nas quais estão de acordo e nas quais não há acordo”, disse Cristina.
A presidente argentina tinha mostrado desiludida na semana passada, em entrevista à rede de televisão americana CNN, por conta da posição adotada pelo presidente americano, Barack Obama, em relação à situação em Honduras.
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“Tivemos uma troca de ideias muito aberta, muito franca, a respeito das diferenças sobre o tema de Honduras. Quero agradecer a oportunidade que tivemos de poder explorar por que acho que as eleições livres e justas que aconteceram em Honduras indicaram que já chegou o momento de passar à página seguinte neste país”, afirmou Hillary.
Outros temas
O diálogo entre as líderes abordou outros temas, como a situação no Haiti e Chile, países afetados gravemente por terremotos, e a luta contra o terrorismo.
Sobre este tema, Cristina destacou que a Argentina e EUA são os únicos países da América que sofreram ataques por parte do terrorismo global e reiterou o compromisso de seu país para lutar contra este fenômeno.
“Esta condição nos deixa muito fortes para trabalhar com nossos outros parceiros no mundo para terminar com este flagelo”, disse Hillary, que confirmou que Cristina vai participar em abril, em Washington, da Cúpula de Segurança Nuclear organizada por Barack Obama.
“Também falamos da ameaça do Irã ao objetivo de não-proliferação (nuclear) buscado por nossos dois países”, acrescentou a americana.
Durante o encontro também foi analisada a crise econômica mundial e o papel que os Estados Unidos e Argentina desempenham no G-20.
“A Argentina realizou enormes progressos para reduzir suas dívidas. A relação da dívida com relação ao Produto Interno Bruto da Argentina é mais baixa que a dos EUA, por isso damos os parabéns”, disse Hillary, que elogiou as políticas argentinas em matéria de inclusão social e de direitos humanos.
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