O presidente de El Salvador, Mauricio Funes, manteve ontem (8) um encontro de uma hora com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na primeira visita de um líder centro-americano desde a posse do democrata. Apesar de nenhum acordo ter sido firmado, ambos os presidentes concordaram em qualificar o encontro como um “importante avanço político”.
Funes acenou aos EUA para que o país se torne um “sócio estratégico” de El Salvador e que seja extinta a relação “menor e maior”, como costumava ser. Obama respondeu dizendo que deseja ser um “sócio igualitário”.
Funes afirmou que a tradição dos EUA é ver El Salvador e outros países da região como um problema, pelo alto número de imigrantes. Calcula-se que cerca de 2,5 milhões de salvadorenhos vivem em cidades norte-americanas, que enviaram a El Salvador em 2009 três bilhões de dólares em remessas, de acordo com dados oficiais.
Alex Weong/Efe
Obama prometeu apoio contra o narcotráfico el El Salvador e apoiou o aumento do comércio bilateral
Segundo o presidente Funes, a melhor forma de frear a ida de salvadorenhos para os EUA é ampliar os níveis de desenvolvimento internos. “A aliança mais importante que devemos construir é a de combate à pobreza, marginalidade e exclusão”, afirmou, segundo o periódico salvadorenho Prensa Escrita.
Funes também lembrou a influência do narcotráfico no aumento da violência em El Salvador. “A melhora dos índices econômicos depende do fim do crime organizado”, disse. Considerado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o país mais violento da América Central, o número de homicídios no país em 2009 (4.365) foi 37% maior que em 2008 (3.179), tornando-se o mais alto da década, de acordo com dados oficiais.
As “maras”, as gangues salvadorenhas, são formadas em sua maioria por imigrantes deportados dos EUA, criminosos que levaram para El Salvador a prática do tráfico de drogas.
Por fim, Funes defendeu uma reforma fiscal em El Salvador, uma estratégia para conseguir mais recursos para a administração. “Temos de aumentar a carga tributária para arrecadar mais recursos e assim satisfazer as necessidades sociais, acumuladas ao longo de muitos anos.”
Obama
Ao falar a jornalistas na Casa Branca ao lado de Funes, Obama disse que os EUA querem ser um sócio igualitário com El Salvador e outros países da região. “Queremos ajudar de todas as formas que podemos para garantir que exista o crédito adequado e a infraestrutura e outras ferramentas que contribuam para a prosperidade de longo prazo em El Salvador”, disse Obama.
Ele ressaltou que a metade das exportações de El Salvador vai para os EUA, enquanto que um terço das importações do país da América Central vem dos EUA.
De acordo com Linda Garret, do Centro para a Democracia nas Américas, a intenção principal de Obama é a de aproximar Funes de sua administração, apesar de o salvadorenho ter sido eleito com uma plataforma progressista e declaradamente se inspirar em figuras como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Compartilhamos [EUA e El Savador] uma história complexa e dolorosa. Muitos salvadorenhos sofreram devido às políticas norte-americanas nos anos 1980 e alguns políticos em Washington não devem ter visto com bons olhos a eleição de Funes. Mas conforme a administração Obama reconhece a importância de desenvolver relações com o hemisfério sul, El Salvador pode se tornar um aliado”, escreveu em artigo para o Huffington Post.
Popularidade alta
Funes continua sendo o governante com maior aceitação na América Latina, mesmo com seu índice de aprovação pelos salvadorenhos tendo caído de 88,2% para 83,4% no primeiro trimestre de 2010.
Segundo um estudo feito pela empresa mexicana Consulta Mitofsky, Funes é seguido pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que tem 81% de aprovação popular. Depois de Funes e Lula, aparecem a chilena Michelle Bachelet (78%), o panamenho Ricardo Martinelli (77%) e o colombiano Álvaro Uribe (70%).
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