O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e seu partido, a conservadora União para um Movimento Popular (UMP), sofreram hoje (21) uma esperada derrota em eleições regionais no país.
O Partido Socialista (PS), apoiado pelos verdes da Europe Ecologie e pela Frente de Esquerda dos comunistas, conquistou cerca de 54,3 % dos votos em nível nacional, garantindo o controle sobre 21 de 22 regiões francesas, inclusive a Corsega, que era dirigida pela direita há 26 anos.
O índice de abstenção, estimado em entre 48,8, foi inferior ao registrado no primeiro turno, de domingo passado (53,6%), e este aumento de participação permitiu à direita evitar um desastre maior.
Apesar da UMP sair em busca dos votos dos indecisos, a direita não conseguiu mobilizar todos os eleitores que preferiram não votar na semana passada.
A direita atraiu 36,1% dos votos ao nivel nacional
No primeiro turno, o PS obteve 29,5% dos votos, enquanto a UMP recebeu 26,3%, o pior resultado de um partido político governista. Apesar do empenho do presidente, o partido conservador não tinha reservas de votos.
A UMP não conseguiu o apoio do O MoDem, o partido de centro, que teve um modesto 4% no primeiro turno, nem da ultra-direitista Frente Nacional (FN), que obteve 12% na semana passada, e conseguiu se manter no segundo em dez regiões.
A economia fraca e o aumento do desemprego estão abalando a imagem do governo e do partido presidencial. “O franceses expressaram sua rejeição da política do governo Nicolas Sarkozy”, assegurou Martine Aubry, a primeira secretaria do PS, e pré-candidata declarada para a eleição presidencial de 2012.
Sucesso da Frente Nacional
Neste domingo, a FN obteve 8,7% dos votos totais e não conseguiu conquistar nenhum Conselho regional. No entanto, Marine Le Pen, a filha de Jean-Marie Le Pen, o líder veterano da legenda, assegurou 23% dos votos na região Provence Alpes Cotes d’Azur, no sul da França.
“É um grande sucesso para Frente Nacional: é um voto de convicção e de adesão”, comemorou a vice-presidente do partido de extrema direita.
A esquerda considera que o debate sobre a “identidade nacional” lançado pelo presidente há seis meses ajudou a volta da FN no cenário político nacional.
Para os verdes, que fecharam um acordo nacional inédito com os socialistas para apresentar listas conjuntas em quase toda a França neste segundo turno, a aliança é uma das primeiras explicações do sucesso. “Os eleitores gostaram desses acordos, feitos de maneira transparente. É isso que permitiu o progresso da esquerda”, afirmou Cécile Duflot, uma das lideres de Europe Ecologie.
Ainda que o resultado da eleição deste domingo represente um triunfo para os socialistas, o fato de o partido de Sarkozy ter aparentemente mantido o poder na região de Alsace, seu bastião no leste da França, foi um alívio para o presidente francês, que tem sido alvo de críticas por suas políticas. A UMP também conseguiu vencer na ilha de Reunión, no oceano Índico.
Candidatos socialistas
A derrota do governo é sublinhada pela incapacidade de oito ministros, que encabeçavam chapas da UMP em oito regiões, de se impor. Os analistas esperam um próximo anuncio de uma reforma do gabinete do primeiro-ministro François Fillon. Segundo as pesquisas, esta mudança é desejada por 57% dos franceses.
Além de Martine Aubry, outra pré-candidata à sucessão presidencial, a socialista Ségolène Royal, registrou um grande sucesso, conseguindo 61% dos votos da região que dirige, a Poitou-Charente.
O PS deve ainda contar com as ambições de Dominique Strauss-Kahn, que foi ministro da Economia no governo de Jacques Chirac entre 1997 e 1999. Ele é atualmente diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI).
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