O ex-secretário assistente de Estado norte-americano James P. Rubin criticou o posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao Irã e, em artigo na imprensa, disse que os que se recusam a punir o país devem pagar por isso.
No texto, publicado na revista norte-americana Newsweek, Rubin mostra indignação com o tempo que o governo de Barack Obama “está perdendo” com questões como estas, enquanto negociações comerciais estão totalmente fora da agenda internacional.
Desconsiderando os pronunciamentos de Lula – que fez questão de ratificar que também se posiciona contra o enriquecimento de urânio para fins não-pacíficos -, o diplomata insistiu em dizer que o Brasil está colaborando para que o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, desenvolva armas nucleares.
“Todos esperavam que a Rússia ou a China fossem contra as sanções para o Irã, mas as Nações Unidas estão enfrentando oposição daqueles que consideramos amigos, como a Turquia e o Brasil”, disse Rubin, que também foi porta-voz do Departamento de Estado no governo de Bill Clinton (1993-2001).
A China tem, historicamente, uma posição contrária a sanções e ao mesmo tempo importa petróleo e gás do Irã – o que, para ele, justifica o posicionamento. Quanto à Rússia, o fato de se opor a sanções econômicas como instrumento de diplomacia internacional, mesmo antes da polêmica iraniana, ameniza a recusa de compactuar com punições comerciais à república islâmica.
Barganha
Já em relação ao Brasil, ainda segundo Rubin, “nem a nova ordem geopolítica”, definida pelo aumento da força e independência dos países em desenvolvimento, justifica o “apoio” ao Irã.
“Lula tem direito a escolher seus amigos sem interferência dos Estados Unidos. Mas, pensando no papel que o país ocupa internacionalmente, isso é arriscado”, ironizou, e fez questão de lembrar o desejo de Lula de “se juntar ao clube de elite no mundo”.
Para ele, a lógica é simples: “os EUA devem levar em conta a posição do Brasil sobre a questão nuclear iraniana para decidir se a apoia ou não o país na busca por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU”.
Rubin acredita que as sanções são a melhor alternativa para solucionar o conflito, já que até ameaças de ataques foram feitas em razão do anúncio iraniano.
Ameaça
De acordo com seu artigo, o impasse criado em torno do enriquecimento de urânio desenvolvido pelo Irã é uma oportunidade para os EUA mostrarem “determinação e força diplomática”.
“Se países como o Brasil querem desempenhar um papel mais proeminente, então eles têm que arcar com a responsabilidade de defender essas regras. Boa vontade e respeito nem sempre são suficientes: às vezes devemos ser severos mesmo com os países amigos. Eles devem entender que vão pagar um preço por desafiar os EUA”, ameaçou Rubin no artigo.
Ao contrário das declarações radicais de Rubin, tanto o presidente brasileiro quanto o iraniano se dispuseram a dialogar sobre o assunto. “A política externa do Irã é baseada na promoção de amizades com o mundo”, disse Ahmadinejad durante um encontro com embaixadores iranianos a serviço no exterior, no início do mês.
Rubin acredita que a estratégia de punir os que vão contra os EUA nessa questão fará os opositores repensarem seus posicionamentos. “O Brasil irá ajustar sua opinião, o que talvez não seja suficiente para resolver o impasse, mas sem dúvida já é um começo”, previu.
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