“Não tenho esperanças em Obama. É um presidente imperialista e a cor da pele ou o rosto simpático não mudam isso”, disse hoje (24) o escritor paquistanês Tariq Ali, que acaba de publicar na Espanha Conversas com Edward Said, livro lançado em 2006 em língua inglesa e que reproduz diálogo com o célebre ativista político palestino, morto em 2003.
Ali acredita que Obama dá continuidade à política de [George W.] Bush no Oriente Médio. “No Afeganistão foi pior, porque enviou mais tropas e aumentou a guerra no Paquistão”, afirmou em entrevista à agência espanhola Europa Press. “A posição agressiva do presidente norte-americano se estende por todo o mundo.”
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“Não é um presidente da paz. Concordo com [Gabriel] García Márquez: deveria ter recebido um Prêmio Nobel da Guerra”, argumentou o escritor.
O paquistanês, autor de mais de uma dezena de livros sobre história, política internacional e ficção, acredita que Edward Said “não se surpreenderia” com as declarações do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que ontem (23) afirmou que Jerusalém não é negociável. “Essa é a posição de Israel desde sempre. Eles nunca aceitarão que a cidade seja compartilhada. A única maneira de mudar isso seria com os Estados Unidos impondo sanções, o que não vai acontecer”, assegurou.
O escritor argumentou que a União Europeia “poderia desempenhar um papel nesse sentido”, porém, “é uma entidade política muito fraca”. Para ele, também como defendia Said, Jerusalém deveria se “uma cidade mundial” e não de um só país. “Israel se comporta como um Estado fundamentalista”, sentenciou.
Livro
As conversas com Said foram mantidas em junho de 1994 em Nova York, quase uma década antes do palestino perder a batalha contra a leucemia. Ali disse que apesar do tempo, “as situações descritas no livro são aplicáveis nos dias de hoje.”
“A ideia de uma guerra civil entre palestinos é um dos objetivos tanto de Israel como do Ocidente e após os acordos de Oslo, a divisão entre palestinos se acentuou”, exemplificou.
O material resultante da entrevista revela temas como a iniciação de Said na política e sua relação com a causa palestina, mas também suas opiniões sobre o estudo da cultura e a profunda paixão pela literatura e música.
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