Os governos de França e Alemanha – as duas maiores economias da zona do euro – chegaram hoje (25) a um acordo para ajudar a economia da Grécia. O plano irá envolver os estados-membros da União Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) e deve ser o último recurso, depois que o governo grego tiver exaurido todas as outras opções para levantamento de fundos.
Segundo fontes diplomáticas francesas à Agência Efe, a estratégia visa conceder empréstimos bilaterais, de caráter voluntário, outorgados pelos membros europeus a taxas de juros menos onerosas que as atualmente exigidas pelo mercado às finanças gregas. O acordo também contempla, como veio exigindo a chanceler alemã, Ângela Merkel, uma contribuição do FMI, que poderia ser o primeiro a intervir, se fosse solicitado.
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Alguns países da zona euro, principalmente a França, e o BCE (Banco Central Europeu) eram contra o envolvimento do FMI, argumentando que tal medida iria indicar a incapacidade para resolver a profunda crise pela qual passa a região. O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, afirmou hoje à TV francesa Public Senate Television, segundo a Reuters, que a ajuda a um país da zona euro por um organismo estrangeiro é “um mau sinal”.
Segundo outras fontes, a taxa de juros dependerá de estados que contribuam com empréstimos à Grécia, já que cada um obtém do mercado um preço diferente e repercutirá esse custo na quantia que conceder Tesouro grego. Além disso, a taxa de juros está condicionada ao volume da contribuição que for feita pelo FMI, cujos juros são inferiores aos do mercado.
A fórmula franco-alemã tem que ser discutida ainda pelo resto dos membros da zona do euro e depois formalizada pelo conjunto da UE. Para isso, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, começou a sondar os outros dirigentes da zona do euro e, se obtiver seu acordo, poderia convocar ainda hoje uma reunião especial dos membros da zona do euro que fixaria os detalhes.
A Grécia está mergulhada numa enorme dívida fiscal e a situação do país pôs em xeque a estabilidade do euro. O déficit público é de 12,7% do PIB (Produto Interno Bruto) e investidores temem que o país não seja capaz de pagar suas dívidas, de mais de 16 bilhões de euros. No começo de fevereiro, o Executivo anunciou um corte salarial de 20% para os funcionários e a redução do número dos funcionários públicos.
“PIGS”
O impacto da crise financeira mundial na Europa foi bastante sentido por países como Grécia, Portugal, Espanha e Itália, os recentemente chamados “PIGS”, que enfrentam grandes déficits em seus orçamentos.
O temor dos investidores internacionais é sobre o que aconteceria caso esses países não venham a pagar as suas dívidas, e os possíveis impactos disso sobre a zona do euro e sobre a economia global.
A dívida soberana italiana alcança o mesmo nível da grega, de 115% do PIB, e sua economia de 1,2 trilhão de euros, se retraiu no ano passado em 5% – um dos maiores recuos da zona do euro – e só conseguirá crescer em 2010.
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