Além de ser a região mais urbana do mundo, a América Latina é também a que mais abriga cidades com alto predomínio econômico e social quando comparado ao resto do país. Essa é uma das conclusões do primeiro relatório dedicado especificamente à região do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), apresentado ontem (25), durante o 5º Fórum Urbano Mundial, no Rio de Janeiro.
O fenômeno, chamado de “cidades sem fim” pelos especialistas da organização, existe no mundo inteiro e deve aumentar nos próximos 50 anos. São cidades que crescem e se conectam em eixos que a ONU-Habitat qualifica de “megarregiões” ou “corredores urbanos”.
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Por um lado, essas “megarregiões” estimulam os negócios. O lado negativo, porém, é que elas acabam concentrando as riquezas e prejudicam outras regiões no país. “Há o perigo de criar uma nova hierarquia urbana e mais padrões de exclusão econômica e social”, diz o relatório da ONU.
Em números: os corredores representam 18% da população mundial, mas abarcam 66% de toda a atividade econômica e 85% de inovação tecnológica e científica. Por essa razão, a ONU-Habitat considera que não dá para segurar o movimento de urbanização crescente. Hoje, 25 principais cidades do mundo respondem por mais da metade da riqueza global.
O maior exemplo do fenômeno ocorre na região de Hong Kong-Shenhzen-Guangzhou, na China, onde vivem cerca de 120 milhões de pessoas. No Brasil, os especialistas da ONU identificaram Rio de Janeiro e São Paulo como mega-regiões, que reúnem 43 milhões de pessoas.
São Paulo, que concentra cerca de 10% da população, produz 33,7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. A relação de dependência em relação a uma grande cidade – geralmente a capital – é ainda mais marcada no Panamá, onde a capital Cidade do Panamá produz 82,8% do PIB. É também o caso no Chile, onde Santiago gera 80,9% das riquezas. Lima concentra 47,6% do PIB peruano enquanto o número atinge 57,6% no caso de Montevidéu.
Essas mega-cidades apresentam problemas sensíveis de administração, já que existem uma multiplicidade de municípios e uma dificuldade para articular sua ação. “Hoje mais do que nunca é importante pôr ênfase no local, descentralizar a tomada de decisões e trabalhar conjuntamente entre os diferentes níveis de governo”, afirmou a diretora da ONU-Habitat para a América Latina, Cecilia Martinez.
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