O prefeito da cidade de Buenos Aires, Mauricio Macri, anunciou que vai ao tribunal no dia 28 de abril para depor em um caso de grampo telefônico contra um líder da comunidade judaica. O prefeito, funcionários do gabinete e a polícia da capital estão sendo investigados pela Justiça argentina por formação de quadrilha para executar escutas ilegais.
Macri é acusado de ter ordenado a interceptação telefônica de um alto dirigente da comunidade judaica argentina, Sergio Burstein, e do cunhado dele. Dependendo do que disser no depoimento do dia 28, Macri poderá ser processado por “chefiar uma associação ilícita”. Uma semana antes, estarão no tribunal o ministro da Segurança, Guillermo Montenegro, e o ex-secretário de Educação de Buenos Aires, Mariano Narodowski, também acusados.
Macri, oposicionista de centro-direita, é um dos pré-candidatos com maiores chances de suceder a presidente Cristina Kirchner em 2011.
Na terça-feira (6/4), Macri disse que vai depor “como deve” e descartou qualquer ligação com os grampos. Ele acusou o governo argentino de estar por trás da convocação judicial.
“Sei o que fiz e sei o que não fiz. Chama minha atenção a busca de estrelismo do juiz que conduz a investigação”, afirmou.
Apesar de já ser esperada, a notícia do depoimento de Macri despertou reação de todos os atores políticos na Argentina. “A cidade está à beira de uma crise institucional por causa da irresponsabilidade e da insensatez de Mauricio Macri”, disse o vereador Fabio Basteiro, do Projeto Sur (oposição), em entrevista ao Opera Mundi. “Devemos esperar o que a Justiça vai dizer. Em todo caso, na câmara tomaremos todas as medidas legais que estão à nossa disposição. Entre elas, pedir a renúncia do secretário Montenegro”.
Hoje, haverá várias reuniões entre as bancadas de oposição para discutir a possibilidade de um julgamento político contra Macri.
Investigação
O caso veio a público quando Burstein, dirigente da comunidade judaica e membro da organização Familiares de Vítimas da Amia (entidade alvo de um atentado com um carro-bomba em 1992, em Buenos Aires) soube que seu telefone havia sido grampeado. Na mesma época, o até então chefe da polícia metropolitana, Jorge Palacios, foi tirado da instituição, criada por Macri no início do ano.
Palacios, homem de confiança de Macri, é considerado suspeito de ter sido cúmplice do atentado da Amia. Teria sido ele quem entregou o carro-bomba aos terroristas. Ao mesmo tempo, foi revelado que quem realizava a escuta contra o dirigente da comunidade judaica era o espião Ciro James, membro da secretaria de Educação portenha. O conhecimento deste fato provocou a denúncia do até então secretário Narodowsky. Atualmente, Palacios e James estão sendo processados e mantidos presos em uma prisão de segurança máxima.
Em entrevista ao Opera Mundi, Burstein afirmou não ter dúvidas de que foi Macri, pessoalmente, quem deu a ordem para grampear os telefones. “No processo, consta que o espião Ciro James levava as fitas para o bairro onde Macri mora. Isto está demonstrado pelo rastreamento feito no celular de James”.
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