O vice-diretor do gabinete de imprensa do Vaticano, Ciro Benedettini, negou que o papa Bento XVI tenha ocultado o caso de um padre acusado de pedofilia na Califórnia quando era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé – a “pasta” da Igreja responsável pelo cumprimento dos dogmas.
Em declarações publicadas neste sábado (10/4) pelo jornal italiano Corriere della Sera, Benedettini reinterpreta a mensagem que, segundo ele, Joseph Ratzinger quis transmitir em carta enviada em 1985 à diocese de Oakland e publicada na sexta-feira pela mídia norte-americana. No texto, o então cardeal pedia que fosse levado em conta “o bem da Igreja”.
“O então cardeal Ratzinger não escondeu o caso, mas, como mostra claramente a carta, ressaltou a importância de estudá-lo com maior atenção”, afirma o vice-diretor. “É preciso ter em mente que a suspensão da acusação era competência do bispo local e não da Congregação para a Doutrina da Fé”.
Fontes do Vaticano citadas pelo Corriere afirmam que o caso é outra tentativa de envolver Ratzinger no escândalo de pedofilia dos padres católicos.
As cartas divulgadas nos Estados Unidos foram trocadas entre a diocese de Oakland e a Santa Sé, datadas entre 1981 e 1986. Elas fazem referência ao caso do padre Stephen Kiesle, que foi preso em 1978, acusado de abusar de dois meninos quando morava na Califórnia. Ao fim do julgamento, o padre, que teve grande cobertura da mídia na época, ficou em liberdade condicional durante três anos. Depois do período, o então bispo de Oakland solicitou por escrito ao Vaticano o afastamento de Kiesle do sacerdócio.
O pedido chegou até Ratzinger, que classificou os fatos como “de grande significância” e ponderou a necessidade de levar também em consideração “o bem da Igreja”. Ao final, o então cardeal pediu “tempo” para avaliar os incidentes.
A Santa Sé anunciou que em breve publicará em seu site as linhas básicas que utilizará para julgar os casos de pedofilia dentro da Igreja Católica.
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