Os
milhares de manifestantes que exigem a dissolução do Parlamento
tailandês receberam neste sábado (24/04), atrás de barreiras
feitas com pneus e bambu, a recusa do governo à oferta de negociar
uma saída pacífica da crise política.
A proposta dos
camisas vermelhas, que montaram um acampamento no coração da
cosmopolita Bangcoc, consiste em acabar com a ocupação em troca da
dissolução do Legislativo pelo Executivo em 30 dias, e não
imediatamente como exigiam.
Leia mais:
Manifestantes enfrentam polícia no coração financeiro da Tailândia
“Rejeitamos porque eles usam
de violência e intimidação, e isso é inaceitável”, disse o
primeiro-ministro, Abhisit Vejjajiva, ao ser questionado se aceitava
ou não a oferta dos manifestantes, após seis semanas de protestos e
atos de violência que já causaram 26 mortes e mais de 1 mil
feridos.
Pelo menos 45 granadas e artefatos explosivos
explodiram na capital tailandesa e em províncias vizinhas desde que
em 14 de março os camisas vermelhas retomaram os protestos e
mobilizaram mais de 100 mil pessoas.
A primeira negociação
entre os camisas vermelhas e o governo para chegar a um acordo
fracassou porque os líderes da mobilização recusaram a proposta do
primeiro-ministro de convocar eleições antecipadas para o fim deste
ano.
O chefe do Exército e principal responsável da
segurança na capital, general Anupong Paochinda, descartou na
sexta-feira passada o uso da força para dispersar os manifestantes,
o que despertou a ira dos grupos de partidários governamentais e dos
chamados “camisas amarelas”, da corte conservadora e
monárquica.
No entanto, o porta-voz do organismo criado para
supervisionar a segurança na capital, coronel Sansern Kaewkamnerd,
disse em entrevista coletiva, sem dizer como nem quando, que os
milhares de manifestantes serão dispersados, assim como suas armas
apreendidas e o acampamento desfeito.
“O que vamos fazer
é identificar os terroristas existentes entre os camisas vermelhas.
Não vamos usar a força contra os manifestantes, mas isso não quer
dizer que não vamos dispersá-los”, apontou o porta-voz
militar.
Enquanto isso, o Governo e o Exército mantêm
silêncio sobre os planos para lidar com os manifestantes e acabar
com a crise, os chefes dos protestos insistem com o primeiro-ministro
que aceite a oferta e adverte que os rebeldes combaterão às tropas
no caso de uma operação de despejo do centro da capital.
“Se
o primeiro-ministro rejeitar nossa oferta, nós vamos continuar
lutando”, advertiu Natthawut Saikuea, um dos líderes dos
camisas vermelhas em discurso aos correligionários.
Segundo
outro importante líder da mobilização, Jatuporn Prompan, o
primeiro-ministro deu ordem neste sábado ao chefe do Exército e
responsável pela segurança em Bangcoc, general Anupong Paochinda,
de usar a força para dispersar os manifestantes.
“Disse
o primeiro-ministro ao general Anupong que não vai dissolver o
Parlamento, nem negociar com a Frente. Quer que o Exército disperse
os camisas vermelhas”, disse Prompan ao jornalistas.
A
Tailândia está imersa em uma profunda crise política fruto da luta
entre os detratores e os apoiadores de Thaksin Shinawatra, deposto no
levante de 2006 depois governar durante quase seis anos.
Exilado
e foragido da justiça tailandesa, o multimilionário Shinawatra,
sobre o qual pesa na Tailândia uma condenação de dois anos de
prisão por corrupção e abuso de poder, dirige e financia os
protestos à distância.
Os camisas vermelhas são em grande
maioria das zonas rurais do norte e do noroeste do país, as de maior
densidade demográfica e reduto dos testas-de-ferro de Shinawatra.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL