Os unionistas (protestantes) e o Sinn Féin (católicos) chegam a um acordo para formar um governo de união na Irlanda do Norte. A transferência de uma parte do poder executivo de Londres para Belfast, capital da Irlanda do Norte, encontra dessa forma uma realização simbólica que satisfez ambas as partes em questão tanto como Tony Blair, primeiro-ministro britânico e Bertie Ahern, primeiro-ministro irlandês. Belfast parece se afastar cada vez mais de sua imagem de cidade em guerra graças ao processo de paz iniciado em 1998.
Os líderes protestantes e católicos da Irlanda do Norte, inimigos durante décadas, tomaram posse em 8 de maio de 2007, num momento que representa nova era de autonomia de poder compartilhado para acabar com a violência.
– É um dia especial porque estamos começando de novo e acredito que é o início de um caminho que vai nos levar de volta à paz e prosperidade – disse Paisley, em sua chegada ao Parlamento de Stormont em Belfast.
Os primeiros-ministros do Reino Unido, Tony Blair, e da Irlanda, Bertie Ahern, compareceram à histórica cerimônia na Assembléia, que foi criada depois dos Acordos da Sexta-Feira Santa de 1998, que representaram o fim da violência que deixou 3.500 mortos na província entre 1969 e 1998.
Mas o Reino Unido suspendeu a assembléia em 2002, logo depois que os escritórios do Sinn Féin em Londres e Stormont foram assaltados pela polícia que investigava uma suposta espionagem do IRA (Exército Republicano Irlandês).
Blair, que planeja deixar o cargo de primeiro-ministro, viu o acordo de divisão de poder entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte como um dos principais méritos de seus dez anos à frente do governo britânico.
O Reino Unido e a República da Irlanda (Éire) há anos pressionavam os partidos rivais da Irlanda do Norte a aceitarem uma coalizão, algo considerado essencial para consolidar a paz na província, assolada por décadas de violência entre católicos e protestantes.
O DUP defende a preservação do domínio britânico na província, enquanto o Sinn Féin tem como principal meta a incorporação da Irlanda do Norte à República da Irlanda.
O governo britânico havia dado a ambas as partes um prazo para que começassem a administrar conjuntamente a província, sob pena de a região permanecer indefinidamente sob o controle de Londres. O prazo, no entanto, foi seguidamente adiado. O Reino Unido sinalizou que aceitaria o novo prazo caso todos os partidos norte-irlandeses concordassem.
Paisley sempre se recusou a conversar com Adams por causa da aliança do Sinn Féin com a guerrilha IRA.
Republicanos e Unionistas chegaram finalmente a acordo sobre o controle da polícia e do sistema judicial, até agora a cargo de Londres.
O compromisso, um dos mais importantes após o acordo de sexta-feira santa, que pôs fim a 3 décadas de violência, surge após quase duas semanas de intensas negociações.
O primeiro-ministro do governo de coligação entre católicos e protestantes, Peter Robinson (unionista), garantiu que o caminho da paz é irreversível. “As gerações futuras nunca nos perdoariam se desperdiçássemos a paz conquistada após uma longa luta. O acordo de hoje é o sinal mais seguro de que não haverá um regresso ao passado”, afirmou Robinson.
Acordada ficou também a reorganização das marchas tradicionais, como a dos protestantes “orangistas”, motivo de violência especialmente por passar por bairros católicos.
O Sinn Féin, partido político ligado do IRA, insistia que o desarmamento seria um resultado da paz e do fim da injustiça com a minoria católica. Depois da segunda trégua do IRA, em 1997, finalmente, em 9 de abril de 1998, seria assinado o Acordo de Paz da Sexta-Feira Santa.
Esse acordo previa a criação de:
• um governo autônomo que inclua católicos e protestantes formado a partir da Assembleia da Irlanda do Norte;
• um Conselho Interministerial das duas Irlandas, que os nacionalistas irlandeses consideram o passo inicial para a unificação do país; e
• um Conselho das Ilhas Britânicas, visto com grande suspeita pelo IRA como um último vestígio do imperialismo britânico.
A animosidade histórica, o ódio secular, tornaram difícil a convivência de católicos e protestantes num governo de coalizão. Várias vezes o processo de paz entrou em colapso e necessitou da repressão violenta de Londres e Dublin.
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