A poucos dias das eleições presidenciais colombianas, marcadas para o próximo domingo (30/5), o candidato governista, Juan Manuel Santos, destacou a importância do Brasil para a integração regional, mas disse ver com cautela uma nova participação do país nas negociações com as organizações guerrilheiras.
“O Brasil é um país chave nos processos de integração na América Latina, mas, no momento, não há nenhuma negociação com as Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] e, assim, é impossível saber o papel que poderia exercer”, analisou Santos, em entrevista à ANSA. Em março, a FAB (Força Aérea Brasileira) forneceu helicópteros e a tripulação necessária para o resgate de dois reféns da guerrilha. Além disso, no início de 2009, outra ação semelhante também contou com o apoio logístico brasileiro.
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No entanto, o governo do presidente Álvaro Uribe resiste em aceitar um “acordo humanitário” com as Farc, que pedem a libertação de seus membros detidos em troca das 48 pessoas que ainda mantêm sob seu poder. Sem nenhuma negociação desse tipo em andamento, militares e guerrilheiros continuam protagonizando conflitos no país, como o da última segunda-feira (24/5), quando ao menos nove funcionários da Marinha foram mortos.
Santos, como ex-ministro da Defesa de Uribe e representante do Partido Social da Unidade Nacional, foi o maior defensor das atitudes governistas entre os nove postulantes presidenciais. “Temos sempre que respeitar o que é definido pelo governo colombiano para garantir nossa soberania”, indicou o candidato à ANSA.
Além disso, durante um debate televisivo, o ex-ministro da Defesa chegou a se dizer orgulhoso do ataque a um acampamento das Farc em território equatoriano, em março de 2008, que gerou o rompimento dos laços diplomáticos. Na entrevista, porém, o candidato salientou a existência de uma agenda comum entre Quito e Bogotá, que “permite avançar na normalização plena dessa relação tão importante para ambos os povos”.
A garantia da manutenção das atuais políticas de segurança, contudo, não deve ser suficiente para uma vitória no primeiro turno, conforme as pesquisas mostram empate técnico com o candidato do Partido Verde, Antanas Mockus.
Comércio com Brasil
Além de destacar a importância brasileira em processos de integração regional, Santos também valorizou o intercâmbio econômico entre os dois países. “O Brasil é um sócio estratégico para Colômbia. Além de dividir uma extensa fronteira comum, houve um crescimento importante de investimentos brasileiros na Colômbia”, mas “devemos equilibrar a balança comercial entre os dois países”, declarou à ANSA.
Dados oficiais divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior comprovam a análise de Santos. Em 2008, ano em que o comércio binacional atingiu o seu ápice, o Brasil teve superávit de 1,46 bilhão de reais, valor superior aos 829 milhões de reais que representam as importações colombianas pelo país.
Apesar do intercâmbio entre as duas nações ter sofrido queda de 24% no ano passado, os governos criaram a Comissão Bilateral Brasil-Colômbia para “aprofundar” e “consolidar” os laços, além de discutir temas como os “biocombustíveis” e o “desenvolvimento sustentável da Amazônia”.
No último levantamento divulgado antes do pleito de domingo, Santos tinha 34% das preferências contra 32% do opositor Mockus, prefeito da capital Bogotá por duas oportunidades.
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