Neste domingo (20/6), 30 milhões de colombianos escolherão o sucessor de Álvaro Uribe, que está há oito anos na presidência do país. Os dois candidatos não poderiam ser mais diferentes. Inteligente, honesto, responsável, indeciso, travesso, ingênuo e depressivo são os termos utilizados pela imprensa colombiana para se referir o candidato do partido Verde: Antanas Mockus. Pragmático, bom administrador, exitoso, astuto, ambicioso e camaleônico são os adjetivos mais comuns para o candidato do oficialista Partido de la U, Juan Manuel Santos.
Igualmente distantes estão os modelos econômicos, éticos e políticos para o país.
Enquanto Mockus almeja transformar a sociedade, o discurso de Santos é de continuísmo do regime atual, com alguns ajustes.
A teoria do professor é simples: o país está em crise porque não respeita a lei, pelo clientelismo e pela corrupção. Sua aposta é por uma mudança cultural, que precisa ser construida de baixo, a partir da mudança no pensamento dos cidadãos. Um educador, segundo seus seguidores, um profeta sem experiência política para seus adversários. O candidato verde não tem um programa de governo muito claro e, como repetiu muitas vezes nos debates, acredita que de pouco adianta projetar com anterioridade programas e projetos específicos, com indicadores e orçamentos, se a sociedade não se transforma e não muda de atitude diante da corrupção e do clientelismo. Finalmente, Mockus defende que a forma de fazer política determina a política, e isto se resume em seu slogan: “Nem tudo vale”, tentativa de se contrapor às artimanhas de Santos para alcançar seus objetivos.
Efe
Em Cali, um policial caminha em frente à propaganda do Candidato Verde
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Santos, ao contrário, tem um programa de 109 pontos muito estruturado, no qual cabe tudo: gerar 3 milhões de empregos formais, diminuir a pobreza, garantir prosperidade para ricos, pobres e trabalhadores rurais, fortalecer a segurança democrática, tolerância zero com a corrupção, respeitar a independência e o equilíbrio de poderes, impunidade zero, garantir os direitos das vítimas, cidades mais humanas, um campo próspero, proteger a biodiversidade e aprofundar a inserção da Colômbia no mundo.
Santos oferece certezas, respostas rápidas e contundentes, soluções conhecidas e já experimentadas que vêm desde cima e que encaixam dentro das lógicas tradicionais.
Efe
Em Cali, um colombiano observa o cartaz do candidato oficialista
No último debate transmitido pela TV, Santos entregou seu programa de governo a Mockus e lhe pediu ajuda para encontrar o do concorrente. “Entrei em sua página na internet, mas não consegui encontrar seu programa de governo”, disse. Mockus respondeu: “Se você pensa que ser pragmático quer dizer prometer postos de trabalho sem explicar como serão criados, eu também posso prometer 2 ou 3 milhões”.
Mockus dá a seus simpatizantes más notícias e exige um sacrifício: será necessário pagar mais impostos, por exemplo. Santos oferece algumas seguranças para seus eleitores: os subsídios serão mantidos, os impostos não subirão e nenhum sacrifício extra será necessário para cumprir as suas promessas.
Segundo a revista econômica Dinero, a competição entre os dois se resume assim em termos de investimento de portfólio: “Santos representa um investimento de baixo risco, mas de baixa rentabilidade potencial. Mockus representa um investimento de maior rentabilidade potencial, mas também de maiores riscos”.
Até o fim do dia, saberemos quão conservadores ou ousados serão os colombianos no investimento que farão neste domingo para os próximos quatro anos.
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