A senadora colombiana Piedad Córdoba confirmou a existência de uma vala comum em La Macarena, no sul do país, nesta sexta-feira (23/7) em audiência pública após visitar o local junto a outros membros da oposição ao governo de Álvaro Uribe. O caso faz parte do escândalo conhecido na Colômbia como “falsos positivos”, em que civis inocentes são assassinados por militares e registrados como guerrilheiros mortos em combate.
Como a reportagem do Opera Mundi já mostrara em dezembro de 2009, a senadora constatou que no local existe um cemitério clandestino administrado pelo exército, com centenas de vítimas sem identificação.
Segundo a rede venezuelana de TV Telesur, o deputado Iván Cepeda estimou que o número de pessoas enterradas na mesma vala chegue a 2 mil, mesmo número registrado pela Procuradoria Geral da República da Colômbia. No entanto, outras versões de órgãos oficiais alegam que o número seja de 400 corpos.
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Córdoba confirmou a denúncia feita por moradores da região a parlamentares e diplomatas e voltou a criticar Uribe. Ontem, o presidente foi informado de que, por ordem do colega venezuelano, Hugo Chávez, as relações entre os países estão rompidas.
Desleixo
A senadora negou a “violação de direitos humanos em massa” e acusou o governo colombiano de esconder os corpos por representarem provas dos massacres comandados pelo exército.
“Quando nos opomos a tratados de livre comércio, derramamento de sangue do povo colombiano, dizemos com dignidade que a Europa não pode prolongar na América e na Colômbia o que há muitos anos eles omitem: a guerra, que é um negócio. Sua patente é a política democrática”, disse Córdoba.
Já Cepeda, que também é da organização Colombianos y Colombianas por la Paz, disse que as autoridades precisam tomar medidas urgentes em relação à denúncia. Para ele, o caso explicita a falta de preocupação do governo com os direitos humanos.
“O que podemos dizer que é existe um local onde há pessoas enterradas e que não é o cemitério do município. O exército, a unidade militar, era quem tinha controle sobre este lugar e que pediu para que estas pessoas fossem enterradas lá. Como se pode perceber, esta não é uma situação normal nem regular”, acrescentou.
Túmulos separados
Em declarações à agência de notícias italiana Ansa, Cepeda disse ainda que, independentemente dos números e das versões sobre esse tema, “o que há na região é uma grave situação de direitos humanos que deve ser esclarecida” e negou que o objetivo da denúncia tenha sido de criar um obstáculo para a assinatura do tratado de livre comércio entre a Colômbia e a União Europeia, como insinuaram representantes do governo.
Apesar da confirmação dos parlamentares, a chancelaria colombiana emitiu um comunicado em que afirmou que, após a investigação feita por uma missão enviada ao local, não foram encontrados “indícios de remoção de terra, nem qualquer outro sinal da existência de uma vala comum”.
“No cemitério do município de La Macarena, só existem túmulos individuais cavados em momentos diferentes, separados por mais de um metro de distância. Esta circunstância foi verificada por funcionários do corpo diplomático da Colômbia que visitaram o local”, esclareceu o texto emitido pelo Ministério das Relações Exteriores.
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