O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, afirmou nesta quarta-feira (1º/9) que Israel está disposto a entregar aos palestinos Jerusalém Oriental, e que o ataque de ontem que matou quatro colonos judeus não impedirá a nova negociação de paz.
Em entrevista publicada no jornal Ha'aretz, Barak assegura que as negociações diretas que estão sendo realizadas em Washington – as primeiras entre as duas partes em quase dois anos -, estarão baseadas no princípio de “dois Estados para duas nações”.
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O objetivo do novo processo de paz é “colocar fim ao conflito e a possibilidade de qualquer reivindicação futura”, e para isso as partes devem negociar todos os considerados “aspectos cruciais” do conflito regional, sustentou o ministro da Defesa.
Entre esses “aspectos cruciais”, Barak cita a segurança israelense, a delimitação das fronteiras do Estado palestino, uma solução para o problema dos refugiados e a questão da disputa por Jerusalém, para muitos o ponto nevrálgico do conflito na região.
“Jerusalém Oeste e 12 bairros judeus, onde vivem 200 mil pessoas, serão nossos. Os bairros árabes, onde vivem cerca 250 mil pessoas, serão seus”, diz Barak, que acrescenta que “um regime especial regerá a antiga cidade”, a parte mais disputada de Jerusalém e que abriga o Muro das Lamentações e a chamada Esplanada das Mesquitas.
Incluído a regra sobre Jerusalém Oriental – onde os palestinos exigem fixar a capital de seu Estado independente – o plano exposto hoje pelo ministro da Defesa de Israel é muito similar ao negociado em 2000 na cúpula de Camp David, quando Barak era chefe de Governo e que fracassou por sua rejeição ao retorno de todos os refugiados palestinos desde a criação em 1948 do Estado de Israel.
Sobre o ataque perpetrado ontem por milicianos do Hamas, e no qual morreram quatro colonos judeus em Hebron (Cisjordânia), o titular israelense de Defesa afirma que “é um incidente muito sério”, e considera que é “uma tentativa de impedir o início da negociação”.
Barak adverte, no entanto, que o ataque “não pode atingir os abalar o esforço nas negociações de paz”.
Segundo o mediador americano George Mitchell, o processo de negociação direta que começa hoje em Washington nasce com o propósito de alcançar um acordo de paz no prazo de um ano.
Protesto
Em Ramala, uma manifestação contra as negociações de paz reuniu cerca de 500 palestinos. O protesto foi convocado pela Coalizão Palestina Contra as Negociações Diretas, que se opõe a um diálogo de paz “realizado sob as condições impostas pelos EUA e Israel para conseguir seus próprios interesses”, segundo informou a organização.
A coalizão conta com o apoio de ONGs, movimentos sociais e várias facções palestinas, entre elas a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), o Partido do Povo Palestino (PPP) e a Iniciativa Nacional Palestina (INP).
“Não nos opomos em princípio a uma negociação de paz, mas este chamado concretamente ao diálogo por parte dos EUA não oferece nenhuma garantia nem da cessação das colônias em território palestino nem que se consiga alcançar o Mapa de Caminho”, disse à Agência Efe Qais Abdul Karim, secretário-geral da FDLP.
Para sentar-se à mesa de negociação, acrescentou, é necessário que “Israel reconheça alguns termos de referência que incluem a retirada do território ocupado em 1967 e o respeito às resoluções das Nações Unidas”.
Se não for assim, indicou Karim, “se repetirão novamente as conversas estéreis que não cumprirão seu objetivo de implementar a visão internacional de uma solução de dois Estados”.
Segundo o político, “a imensa maioria da população palestina é pessimista com relação as negociações e dois terços da opinião pública rejeitam o diálogo e o condicionam a que Israel deixe de construir nos assentamentos e a que se comprometa com as resoluções da ONU”.
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