A associação das Avós da Praça anunciou nesta segunda-feira (20/9) que o neto número 102, desaparecido durante a última ditadura militar no país (1976/1983), foi encontrado.
A identidade do rapaz não foi revelada pois ele ainda está “processando a notícia do desaparecimento de seus pais”, explicou Estela Barnes de Carloto, presidente da associação, que reúne mães e avós de desaparecidos que buscam netos nascidos em prisões ou cativeiros, e que posteriormente foram adotados.
Durante a ditadura, filhos de prisioneiros políticos foram entregues ilegalmente a militares ou a simpatizantes do regime. Com a redemocratização, entidades de direitos humanos e movimentos como as Avós lutaram para reencontrar as crianças. Estima-se que 500 bebês foram adotados clandestinamente e que 30 mil pessoas desapareceram durante a regime.
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O neto 102 é filho dos militantes da organização Montoneros María Graciela Tauro e Jorge Daniel Rochistein. Ele tem 32 anos, é advogado especializado em meio ambiente e trabalha para o governo federal. Quando surgiu a suspeita de que era filho de desaparecidos, fez o exame de DNA e comparou com as demais amostrar disponíveis no Banco Nacional de Dados Genéticos.
Os pais foram sequestrados em 15 de julho de 1977. Na ocasião, o parto de María Graciela foi feito na ESMA (Escola de Mecânica da Armada) uma das maiores prisões clandestinas de Buenos Aires. Após o nascimento, o bebê foi doado e, tempos depois, os pais biológicos foram assassinados. O ex-oficial da Força Aérea Juan Carlos Vázquez Sarmiento, foragido, está sendo processado por esse sequestro.
Madariaga
O último desaparecido encontrado foi Francisco Madariaga Quintela, em fevereiro deste ano. Ele é filho de Silvia Mónica Quintela, assassinada na prisão, e de Abel Pedro Madariaga, membro das Avós da Praça de Maio.
Atualmente, o governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, tenta obrigar Marcela e Felipe Herrera de Noble a fazerem novo exame de DNA para descobrir se foram adotados ilegalmente na ditadura por Ernestina Herrera de Noble, principal acionista do Grupo Clarín. Os herdeiros do Clarín se recusam a realizar o exame e chegaram até a adulterar as amostras.
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