Em 29 de setembro de 1939, com a Segunda Guerra Mundial já em pleno desenvolvimento em face da invasão da Polônia pelo exército de Hitler em 1º de setembro, a Alemanha e a União Soviética concordam em dividir o controle da Polônia ocupada aproximadamente ao logo do rio Bug, com os alemães controlando a área ocidental e os soviéticos a parte oriental do país.
Como decorrência do Pacto Ribbentrop-Molotov, que criou um tratado de não-agressão entre as duas grandes potências militares, Joachim von Ribbentrop, o ministro germânico das Relações Exteriores encontrou-se com o seu colega soviético, Vlatislav Molotov, para assinar o Tratado de Fronteira e de Amizade Germano-soviético.
Os aspectos específicos e pouco detalhados do pacto original de não-agressão haviam garantido à União Soviética apenas faixas da Polônia oriental. Agora, diante da agressão nazista a este país, os soviéticos passaram a exigir uma extensão maior, com o que as partes desenharam no mapa, sem maiores debates, a nova linha demarcatória.
Comentou-se à época que teria sido o próprio chefe da nação soviética, Joseph Stalin, quem desenhou pessoalmente a linha que dividiu a Polônia em dois. Originalmente desenhada conforme o curso do rio Vístula que corre a oeste de Varsóvia, ele acabou concordando em recuar a linha divisória para leste da Capital e da importante cidade de Lublin, cedendo à Alemanha o controle da maior parte da área mais industrializada e povoada da Polônia.
Paola Orlovas
Soviéticos passaram a exigir uma extensão maior, com o que as partes desenharam no mapa, sem maiores debates, a nova linha demarcatória
Em contrapartida, Stalin exigiu o controle de Lvov e seus ricos poços de petróleo, bem como a Lituânia, que se estende ao norte da Prússia Oriental. A Alemanha teria então 22 milhões de poloneses “escravos do Grande Império Germânico” a sua disposição. A União Soviética passaria a contar com uma zona tampão necessária para a sua defesa como efetivamente se mostrou quando a Alemanha nazista investiu contra a União Soviética menos de dois anos depois.
Nesse mesmo dia, a União Soviética assinou também um Tratado de Assistência Mútua com a Estônia, nação báltica, dando ao Exército Vermelho o direito de ocupar suas bases aéreas e navais. Um tratado similar seria firmado mais tarde com a Letônia, outro país báltico. Com o aguçamento das tensões bélicas entre a Alemanha e a União Soviética, os blindados soviéticos viriam a cruzar as fronteiras, em nome da assistência mútua, colocando os três países bálticos sob o controle soviético.
Esses tratados eram uma vez mais resultado das questões pouco discutidas mas que constavam do pacto original Ribbentrop-Molotov, propiciando a Stalin o controle de mais zonas-tampões com o fim de proteger o território soviético, especialmente em áreas em que a ideologia bolchevique não havia penetrado a fundo e onde mais facilmente os países ocidentais e notadamente o seu parceiro de não-agressão, a Alemanha, poderiam penetrar.
(*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.