Mais um escritor latino-americano entrou para o rol de ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura. Após a chilena Gabriela Mistral (1945), o guatemalteco Miguel Ángel Asturias (1967), o chileno Pablo Neruda (1971), o colombiano Gabriel García Márquez (1982) e o mexicano Octavio Paz (1990), agora foi a fez do peruano Mario Vargas Llosa, de 74 anos, receber a honraria. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (7/10) pela Academia Sueca em Estocolmo e provocou júbilo imediato entre os principais jornais latino-americanos e espanhóis.
“Mario Vargas Llosa, premio Nobel de Literatura 2010”, manchetou o espanhol El Pais. Já o peruano El Comercio, destacou o feito do ilustre cidadão com fotos e a manchete “Mario Vargas Llosa ganhou o prêmio Nobel de Literatura: o Peru e a liberdade celebram”. “O prêmio mais importante da literatura mundial volta para a América Latina”, comemora o colombiano El Tiempo. “Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura”, destacou o espanhol El Mundo, acompanhado pelo norte-americano The New York Times e os argentinos Clarín e La Nacion.
Efe
O peruano Mario Vargas Llosa também é conhecido por seu ativismo político
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Para a Academia, Vargas Llosa se distingue “pela cartografia das estruturas de poder e pelas imagens mordazes da resistência, revolta e derrota dos indivíduos”.O prêmio, de 10 milhões de coroas suecas (três milhões de reais), será entregue em dezembro.
Em uma primeira declaração, transmitida pelo presidente do júri do Nobel de Literatura, Peter Englund, Vargas Llosa disse sentir-se “muito comovido e entusiasmado” pelo prêmio. O escritor está em Nova York, onde ministra aulas na Universidade de Princeton.
Logo depois, em entrevista ao El Mundo, Vargas Llosa afirmou que num primeiro momento acreditou que se tratava de “uma piada”, e agradeceu a premiação: “é um reconhecimento à literatura em espanhol e à América Latina”.
Na produção literária de Vargas Llosa, se destacam os livros A cidade e os cachorros (1962), A casa verde (1965), Conversa na Catedral (1969), Tia JúliaeO Escrevinhador (1977) e Travessuras da menina má (2006). O escritor peruano já recebeu outros prêmios de literatura, dos quais se destacam o Prêmio Rómulo Gallegos (1967) e o Prêmio Cervantes (1994). Seu próximo livro, El sueño del celta, será publicado em novembro deste ano.
Vargas Llosa é reconhecido mundialmente pela minuciosa descrição social em seus livros, ricos nas descrições dos personagens e com panos de fundo de conteúdo engajado, que por diversas vezes abordam aspectos da história recente latino-americana e principalmente, peruana.
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O escritor também é conhecido por seu ativismo político, tendo chegado a concorrer à presidência do Peru em 1990, quando perdeu para Alberto Fujimori. Por diversas vezes, Vargas Llosa fez críticas ao regime cubano, afirmando que o país vive uma ditadura marxista leninista integral, e acusa o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de fazer “manipulação grotesca” da situação política do país. O escritor já se envolveu em outras polêmicas, como, por exemplo, quando rompeu a amizade com o escritor Gabriel García Márquez. O motivo nunca foi revelado pelos dois.
Veja o anúncio do Prêmio, em Estocolmo:
Concorrentes
Dois nomes que eram cotados para ganhar o prêmio este ano eram os do norte-americano Cormac McCarthy e do escritor suecoTomas Tranströmer. No ano passado, o prêmio foi dado à alemã Herta Müller. Em anos anteriores receberam o Nobel de Literatura nomes como Jean-Marie Gustave Le Clézio (2008), Doris Lessing (2007), Orhan Pamuk (2006) e Harold Pinter (2005). José Saramago, falecido em junho deste ano, recebeu em 1998 – o primeiro português a ser escolhido nesta categoria pela Academia Sueca.
Durante o processo de escolha, os membros da academia enviam convites para centenas de pessoas ligadas à literatura, como professores e escritores, para chegar aos candidatos. De uma lista inicial de 250 nomes, chega-se a um segundo grupo, com 15 a 20 e, num terceiro, a cinco nomes. Os membros da academia leem as obras, discutem sobre quem deve ser o vencedor.
Alfred Nobel, que fez fortuna ao inventar a dinamite, criou os prêmios para a paz, a literatura e várias ciências em seu testamento, em 1895. Os prêmios foram entregues pela primeira vez em 1901 e um prêmio adicional, para a economia, foi estabelecido em 1968.
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