O governo golpista de Honduras suspendeu o toque de recolher que entrava em vigor das 23h às 4h horário local (03h às 08h em Brasília) desde 28 de junho, quando os militares tiraram do poder o presidente Manuel Zelaya.
“A partir deste domingo, 12 de julho, o toque de recolher fica suspenso em todo o território nacional”, anunciou o porta-voz presidencial, René Zepeda, em emissão nacional de rádio e televisão.
O governo presidido por Roberto Micheletti, designado pelo Parlamento, suspendeu a medida “em virtude de ter alcançado os objetivos de devolver a calma à população” após a destituição de Zelaya e “ter reduzido os índices delitivos”, acrescentou. O governo agradeceu a população por acatar a medida.
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O anúncio aconteceu em um momento de calma no país, embora continuem nas ruas as manifestações de simpatizantes de Zelaya. Após o anúncio, cerca de 300 seguidores do presidente deposto se concentraram no parque central, onde realizaram um ato com música e pediram pelo regresso do líder exilado.
A suspensão do golpe de recolher “é para dar a entender ao mundo que há um ambiente de liberdade no país”, reagiu Juan Barahona, coordenador nacional do Bloqueio Popular e membro do movimento contra o golpe. Mas “a repressão dos golpistas continua”.
O anúncio coincidiu com denúncias de jornalistas venezuelanos do canal de televisão Telesur, que teriam sido detidos pela polícia na noite de sábado e liberados durante a madrugada.
A suspensão do toque de recolher ocorre dois dias depois que delegações de Zelaya e de Micheletti se reuniram se na Costa Rica, mediados pelo presidente do país, Oscar Arias, para tentar buscar uma saída para a crise. A primeira rodada de negociações, no entanto, não teve resultados concretos e não há data ou local marcados para a próxima rodada.
Apesar de ter sido designado pelo congresso hondurenho como presidente após a expulsão de Zelaya, a comunidade internacional não reconhece o governo de Micheletti e pede que o antigo líder seja re-estabelecido ao cargo.
Refugiados políticos
Os distúrbios em Honduras fizeram aumentar o fluxo de hondurenhos sem documentação para o México, segundo ONGs (organizações não governamentais) mexicanas defensoras de imigrantes. Essas organizações civis pediram ontem que as autoridades mexicanas recebam como refugiados as pessoas que saíram de Honduras após o golpe de Estado.
“A situação do golpe de Estado está gerando o êxodo dos mais pobres”, disse a EFE o sacerdote católico Pedro Pantoja, que dirige a casa Belém, Pousada do Migrante na cidade nortista de Saltillo, capital de Coahuila, e representante de 20 organizações que dão refúgio aos centroamericanos no México.
O religioso mencionou que as casas de refúgio do estado de Chiapas e Oaxaca, no sul do país, têm começado a receber “famílias inteiras” que estão fugindo de Honduras a devido à repressão provocada pelo golpe militar.
Pantoja disse que as organizações e casas de imigrantes já se reuniram com consulados e funcionários do governo mexicano e que entre 22 e 23 de julho apresentarão uma petição formal para solicitar que seja outorgado o status de refugiado político aos hondurenhos.
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