O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta quarta-feira (5) novas medidas comerciais contra a Colômbia, aumentando a pressão sobre o governo de Alvaro Uribe. No mesmo dia, o assessor do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, James Jones, após reunião com o chanceler brasileiro Celso Amorim em Brasília, disse que o acordo militar entre Estados Unidos e Colômbia “não traz novidades”, mas reconheceu que está disposto a “conversar” com os países da região sobre o assunto, numa tentativa de apaziguar as reações negativas de alguns países sul-americanos, como o próprio Brasil.
Uribe está visitando, desde terça-feira (4), seis países para explicar o acordo militar. As visitas tiveram início em Lima, no Peru, onde o presidente colombiano recebeu apoio de seu colega Alan García. Em seguida, ele foi a La Paz conversar com o presidente Evo Morales, que, como os líderes venezuelano e equatoriano, se opõe fortemente às bases americanas na região.
Enquanto Chile e Paraguai sinalizaram que o acordo é um assunto interno da Colômbia, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse, através de assessores, que os planos não contribuem “para a redução dos conflitos na América do Sul”. Hoje Uribe se encontra com Tabaré Vázquez e Lula.
Chávez
Durante uma entrevista coletiva em Caracas, Chávez disse que vai paralisar a importação de cerca de 10 mil carros vindos da Colômbia e anunciou ainda que irá banir uma empresa colombiana de energia de utilizar campos de petroleiros em território venezuelano.
Segundo o governo da Venezuela, as medidas representam um corte de cerca de 7 bilhões de dólares no comércio entre os dois países – negociações que, segundo Chávez, serão substituídas por novos acordos com outros países como Brasil e Argentina.
Apesar de anunciar as novas medidas, Chávez deu poucos detalhes sobre como a substituição de um dos principais parceiros comerciais da Venezuela funcionaria na prática.
Jones
“Temos parceria de longa data com a Colômbia e nada mudou”, disse o general Jones a jornalistas ontem em Brasília. Ele também negou que os Estados Unidos pretendam ter bases militares próprias no país latino-americano. “Vamos apenas usar as instalações colombianas”, disse.
O governo brasileiro vem questionando o fato de o acordo prever a utilização das bases para aeronaves de longo alcance – o que, na avaliação brasileira, não seria necessário em um trabalho de observação de território para combate ao narcotráfico.
Jones disse que as aeronaves de longo alcance são necessárias, pois a região está “a uma longa distância dos Estados Unidos”. Segundo ele, haverá apenas dois tipos de aeronaves americanas utilizando as bases: para transporte de pessoal e para observação.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Jones afirmou que membros das Farc atuam em território venezuelano, e que o governo do país nada faz para combatê-los, segundo ele. “A Venezuela e outros países da região têm diferenças em relação aos Estados Unidos, mas contam com os meios, em suas políticas nacionais, para alterar essa relação no momento que quiserem. No entanto, não é aceitável que esses países deixem que suas fronteiras sejam usadas como bases para o ataque a outro país soberano da região”.
“O governo colombiano não está tentando mudar o governo da Venezuela. Está apenas tentando defender o seu território”, concluiu.
'Chantagem'
Além de anunciar as novas medidas contra a Colômbia, Chávez, afirmou ainda durante a coletiva desta quarta-feira que as armas compradas pelo governo venezuelano que foram encontradas em poder das Farc teriam sido roubadas de um posto naval na Venezuela em 1995.
Na última semana, o governo da Colômbia anunciou que armamentos comprados pela Venezuela e produzidos na Suécia foram encontrados com a guerrilha, o que levantou suspeitas de eventuais ligações entre o governo Chávez e as Farc.
Chávez afirmou que as armas encontradas com as Farc – que incluíam lançadores de foguetes de fabricação sueca – foram compradas pela Venezuela na década de 1980 e roubadas em 1995 durante um ataque a uma base naval no Estado de Carabobo.
Chávez ainda acusou o governo colombiano de “fazer chantagem” com as acusações, classificadas pelo líder venezuelano como “uma jogada suja e traiçoeira” do presidente colombiano, Álvaro Uribe.
'Guerra'
O presidente venezuelano ainda alegou que a divulgação das informações sobre as armas faria parte de uma espécie de campanha para desviar a atenção do controvertido acordo entre Estados Unidos e Colômbia.
“Vocês acham que é por acaso que esta informação sai da Colômbia precisamente uns dias depois de nós termos começado a levantar a voz contra a instalação das bases ianques em território colombiano?”.
Chávez também reiterou sua condenação à utilização das bases pelos americanos e disse que o acordo poderia ser o início de “uma guerra”.
“Estamos preocupados com estas bases porque elas poderiam ser o início de uma guerra na América do Sul. Estamos falando dos ianques, a nação mais agressiva na história”, disse.
O presidente venezuelano também anunciou que planeja comprar tanques de guerra russos para aumentar as defesas da Venezuela.
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