Em meio a sua maior recessão econômica nos últimos 50 anos, o México quer estreitar relações com o Brasil e apoiar um acordo de livre comércio, em negociação desde 2002. É o que disse hoje (15) o presidente mexicano, Felipe Calderón, em encontro com empresários brasileiros em São Paulo, durante visita oficial que deve durar três dias.
“Recebo com muito interesse a proposta dos empresários brasileiros. Precisamos ser superiores aos medos e preconceitos e, por isso, me ofereço para planejá-las para empresários e setores econômicos, políticos e sociais do meu país”, afirmou Calderón.
Durante o encontro, o presidente mexicano anunciou que um convênio já foi assinado entre a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e a ProMéxico, fortalecendo as relações entre as duas maiores economias da América Latina.
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Os líderes do encontro empresarial, representando, do lado brasileiro, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)e Ceal,e do lado mexicano a ASEMEXBRA (Associação Empresarial Mexicana no Brasil) e ProMéxico, garantiram que a visita de Calderón vai trazer os resultados esperados em relação a benefícios comerciais.
O presidente da ASEMEXBRA, Patrício Mendizábal, afirmou que esse é o melhor momento na América Latina para que os dois países possam trabalhar juntos. E acrescentou que pretendem assinar um convênio e contemplar “o sonho de ter livre comércio”. “Queria enfatizar que hoje é o momento da união. O Brasil e México vão trabalhar juntos”.
Apesar de ter uma relação econômica sem avanços na última década, como avalia a Fiesp, as perspectivas são otimistas. Para o diretor geral do ProMéxico, Bruno Ferrari, esse é um momento muito bom para “virar a página daquilo que a gente fez no passado e olhar para o futuro”.
O presidente do Ceal (Capítulo Brasil do Conselho Empresarial da América Latina), Marcos Vinicius Pratini de Moraes, tem uma opinião semelhante: “é urgente a necessidade de finalizar um acordo claro e estabelecer uma relação política profunda”.
Com a ampliação das negociações bilateral, os principais setores brasileiros que devem ser beneficiados com as negociações são o automotivo, o siderúrgico e do agronegócio.
O México é o país latino-americano que mais investe no Brasil, atingindo uma cifra de 200 milhões de dólares em 2008. Ainda assim, o comércio bilateral tem um histórico de impasses. Desde 2002 tem se falado em estabelecer um tratado de livre comércio. No passado, o Brasil ofereceu resistência à proposta mexicana. Nos últimos tempos, foi o México que se recusou a assinar a proposta e a ampliar os acordos já existentes.
Afinidades
Brasil e México já possuem três acordos: um de preferências tarifárias, outro que permite a liberalização de produtos automotivos e máquinas agrícolas e o terceiro, ainda em andamento, que pode trazer o Tratado de Livre Comércio Bilateral – o maior objetivo dos empresários brasileiros.
Felipe Calderón disse que o Brasil e o México têm afinidades políticas e culturais, mas não estão próximos economicamente como poderiam estar. “Queremos mais comércio, mais investimentos entre México e Brasil. Mais presença do México no Brasil, e mais presença do Brasil no México. Nós temos metas de integração regional”.
Ele afirmou ainda que Brasil e México representam 70% do PIB (Produto Interno Bruto) da América Latina. “Imaginem o que podemos fazer juntos”, disse Calderón.
Apesar de a parceria comercial brasileira ser a segunda maior do México, atrás apenas da Argentina, o Brasil acredita que as parcerias e investimentos poderiam ser maiores, já que a economia mexicana é uma das mais abertas do continente. O país já assinou acordos de comércio com 49 países, dos quais 44 são de livre comércio, e tem 23 acordos bilaterais de investimentos. Os maiores beneficiados desses acordos são os Estados Unidos, Argentina, Uruguai e Paraguai.
O presidente mexicano visitará amanhã a Petrobras, para discutir a possibilidade de seu país investir em biocombustível brasileiro. Na segunda-feira, ele estará em Brasília, onde se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes de retornar ao México.
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