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Coronavírus

Após 45 dias de isolamento nacional, Venezuela começa a flexibilizar quarentena

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País registra 361 casos confirmados da doença, dos quais 158 estão recuperados e 10 resultaram em mortes

Fania Rodrigues

Caracas (Venezuela)
2020-05-05T12:20:00.000Z

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A Venezuela começou a implementar uma abertura gradual depois de 45 dias de quarentena. No último domingo (26/04), o governo do presidente Nicolás Maduro anunciou medidas de flexibilização, permitindo a circulação de idosos e crianças que estavam em um regime mais rígido de isolamento social.

Os idosos saíram na parte da manhã e as crianças, acompanhadas de seus responsáveis, à tarde. Os dois grupos sociais puderam fazer passeios de até uma hora, em um raio de um quilômetro de suas casas.

O modelo venezuelano de combate ao coronavírus está baseado na prevenção e na realização de testes massivos para detectar o covid-19. O governo de Maduro é assessorado por cientistas chineses e também pelo governo de Cuba, que enviou pesquisadores e infectologistas para contribuir com o planejamento de estratégias e ações de controle da cadeia de contágio.


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A pesquisadora Lily Michel Angeli pôde sair de casa depois de 45 dias de confinamento e afirmou que “poder caminhar esse quilômetro que estabelece o Estado venezuelano é bom para espairecer a cabeça, para o sistema circulatório e nos ajuda com a vitamina D, ao tomar sol”.

No entanto, a circulação de pessoas foi moderada, diferente de outros países onde esse tipo de abertura resultou em aglomeração, como foi o caso da Espanha, na semana passada. O contador Humberto Viera diz que os próprios venezuelanos preferiram quarentena. “As pessoas estão se autocensurando, porque mesmo podendo sair optaram por ficar em casa, isso mostra que ainda estão com certo medo”, disse.

Vieira ainda afirma que concorda com a abertura gradual e destaca que “se o governo está flexibilizando é porque a coisa não está tão ruim. Se as pessoas saírem de casa e tomar todas as precauções de segurança, como o uso de máscaras, não vejo problema. O que não pode é andar por aí como se nada acontecesse”.

O comércio em geral continua fechado desde o dia 14 de março, quando o coronavírus aterrissou em solo venezuelano e foi decretada a quarentena, o que tem causado preocupação entre comerciantes, pois a economia da Venezuela já estava debilitada, devido às sucessivas sanções impostas ao país nos últimos cinco anos.

Para Licet Bustamante, gerente do Café Hilda, na região de Sábana Grande, zona do Distrito Capital de Caracas, “todos queremos abrir o mais rápido possível, porque a economia já estava complicada antes da pandemia. Agora estamos produzindo apenas 10% do produzíamos antes da quarentena. Mas, achamos que a abertura deve ser controlada, para não acontecer o mesmo que em outros países onde houve abertura e teve outra onda de contágio. Isso a gente não quer que aconteça”. O café tem 25 funcionários, mas apenas cinco estão trabalhando. “Nós pedimos para que não venham trabalhar, mas estamos garantindo o salário de todos. Também enviamos máscaras e álcool gel”, afirma a gerente.

Assim como o Hilda, os cafés, restaurantes, padarias, mercados e farmácias podem funcionar até às 14h. Os clientes compram apenas para levar, pois o atendimento com mesas foi proibido. Isso fez com que a maioria dos restaurantes fechasse as portas durante as primeiras semanas de quarentena, porque na Venezuela não existia a cultura do delivery.

Fania Rodrigues
País registra 357 casos confirmados da doença, dos quais 158 estão recuperados e 10 resultaram em mortes

A padaria e lanchonete Moka, por exemplo, teve que mudar sua maneira de atender. “Tivemos que comprar uma moto para fazer entregas e poder continuar produzindo. Aqui na Venezuela a gente não tinha o costume de pedir comida em casa, mas acho que, mesmo depois da pandemia, isso é algo que chegou para ficar”, destaca um dos proprietários da Moka, Rodolfo Gonçalves.

O empresário diz que já se prepara para adaptar-se aos novos tempos, tomando como referência o que vê em outros países. “A maneira como nós trabalhamos no comércio vai mudar completamente, no mundo inteiro. Os caixas aqui da padaria terão que ter proteção de vidro e estou buscando a forma de adaptar o atendimento ao público de acordo com as novas condições de saúde. As máscaras e luvas chegaram para ficar e o atendimento nas mesas da lanchonete não será retomado antes da vacina para a covid-19”, explica Gonçalves.

Pandemia e falta de gasolina

A Venezuela enfrenta um problema de escassez de gasolina em plena pandemia, resultado do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos. Isso porque a maioria das refinarias estatais venezuelanas está fora de seu território: nos Estados Unidos, Aruba, Curaçao e uma petroquímica na Colômbia. Todas elas estão bloqueadas.

Essa questão também afeta a agenda dos fornecedores do setor alimentício, devido ao transporte terrestre que fica comprometido. Esse também é um tema que preocupa o dono da Moka. Segundo Gonçalves, “o atraso na entrega de produtos dos nossos fornecedores tem sido de dois ou três dias, o que podemos administrar planejando melhor nossos pedidos”.

Para amenizar o problema o governo venezuelano reativou, no mês passado, a refinaria El Palito, localizada no estado venezuelano de Carabobo. El Palito havia sido fechada porque o governo venezuelano não conseguia comprar as peças necessárias para a manutenção, normalmente importadas dos Estados Unidos ou de seus aliados, que são os países que detêm a tecnologia desse tipo de equipamento.

Além disso, o governo Maduro fechou um acordo de fornecimento de gasolina com o México e com o Irã, para a compra de aditivos químicos utilizados na produção do combustível.

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Análise

Carrascos, vítimas e mandantes

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Para nós, simples mortais, a morte de um pai ou mãe, esposa ou marido, sobrinha ou filho, é um 'preço razoável'?

Carlos Ferreira Martins

São Carlos (Brasil)
2021-01-24T19:10:00.000Z

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Diante do festival de atrocidades e ridículos em que se converteu o suposto combate à pandemia, o debate público patina entre a denúncia da incompetência logística e do oportunismo político dos governos, a reafirmação negacionista dos “cloroquiners” e o expressivo silêncio dos muito-muito ricos.

Esse espetáculo, de mau gosto atroz, atingiu limites insuspeitos até para quem está acostumado a acompanhar com atenção este país, outrora alegre e falsamente cordial.

O general da ativa encarregado de desmantelar o SUS, tinha conhecimento prévio de que a população de Manaus seria asfixiada pela falta de oxigênio e nada fez. A ajuda emergencial do governo venezuelano teria sido uma vergonha, se esse sentimento ainda existisse. 

A pergunta sobre os limites da incompetência dos generais e dos 4.000 oficiais do exército em cargos federais recebe como resposta a imposição de censura à imprensa, a perseguição judicial constante aos jornalistas independentes e a ameaça de estado de sítio por parte do Procurador Geral da União. 

Mas agora pesquisa realizada por equipe da Faculdade de Saúde Pública da USP e pela ONG Conectas oferece uma resposta alternativa. Ao analisar mais de 3.000 normas federais de 2020, os pesquisadores concluem que "há uma estratégia deliberada para apressar a contaminação da população brasileira". 

Márcio James/Amazônia Real
Esse espetáculo atingiu limites insuspeitos até para quem está acostumado a acompanhar com atenção este país

O extenso relatório deixa de lado adjetivações como crueldade ou ignorância para verificar a coerência interna das ações, planejadas e executadas, para acelerar o contágio com o objetivo de atingir o estágio que os técnicos chamam de “imunização populacional” e a sabedoria popular de “imunização de rebanho”.

A ideia básica do governo é que o número de mortos seria um preço razoável a pagar pela antecipação da recuperação econômica. E para nós, simples mortais, a morte de um pai ou mãe, esposa ou marido, sobrinha ou filho, é um “preço razoável”?

Mas a pergunta fundamental é: além do genocida mor e de seus (in)competentes militares, quem mais endossa essa estratégia? Se o silêncio for índice de conivência, a lista é extensa. Entidades empresariais, conselhos de medicina, a grande mídia tão atenta aos detalhes que não enxerga o todo e, sobretudo, os donos de tudo.

Ou o leitor já viu alguma manifestação dos brasileiros muito-muito ricos, aqueles da lista Forbes, que moram em Zurique e financiam universidades norte-americanas?

Um deles, recentemente, entregou o jogo ao declarar que, na crise, “quase todo mundo se deu bem”. Quase todo mundo, na linguagem da grana, significa a maioria dos 0,01% da população que concentram cada vez mais a riqueza do país. 

Você e eu, nossas famílias, não importa se defendemos o impeachment ou ainda louvamos o mito, simplesmente não contamos. Em termos militares somos danos colaterais ou bucha de canhão.

(*) Carlos Ferreira Martins é professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos.

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