Atualizada às 15h
Desde o dia 8 de maio, morreram, em todo mundo, 33.185 pessoas em decorrência do coronavírus. Desse total, quase cinco em cada dez (46,15%) delas faleceram nos Estados Unidos e no Brasil, países que lideram o ranking de mortes diárias por covid-19.
A data traz um marco importante: foi o dia em que o Brasil assumiu a vice-liderança em números de mortes diárias por coronavírus no mundo – e não saiu mais da posição, ficando atrás somente dos EUA.
Não à toa, os dois países têm líderes que minimizam a gravidade da pandemia e pressionam para que as medidas de isolamento social – única maneira efetiva, até agora, de controle da doença – sejam reduzidas ou abolidas: Donald Trump, nos EUA, e Jair Bolsonaro, no Brasil.
Quando a conta é feita em relação ao número total de mortes, desde o primeiro registro do surgimento do vírus em dezembro, EUA e Brasil são responsáveis por 32,8% dos falecimentos.
É importante salientar que estes totais estão, provavelmente, subnotificados, em especial no Brasil, que testou pouco e demora para liberar os resultados de testes já feitos. Os números foram compilados pelo site Our World in Data. As cifras sempre correspondem ao número de mortes anunciadas no dia anterior pelos órgãos sanitários de cada país.
Isolamento social
Bolsonaro foi incluído pelo jornal Financial Times no grupo ‘Aliança do Avestruz’, usado para classificar líderes mundiais que se recusam a admitir a gravidade da situação. O presidente brasileiro tem, sistematicamente, minado as ações dos governos estaduais de isolamento social.
O mandatário já classificou o coronavírus de “gripezinha” e “resfriadinho” e, questionado uma vez sobre o número de mortes crescente no Brasil, respondeu “e daí?”.
Um estudo divulgado esta semana pelo The Wall Street Journal mostra que o Brasil já se converteu no novo epicentro do vírus, com a taxa de propagação mais alta do mundo e sem conseguir reduzir a curva de contágios e mortes.
As ações de Bolsonaro seguem a linha de um de seus principais aliados internacionais, Trump, que tem dado uma resposta errática à crise. No começo do ano, dizia que a pandemia não atingiria de modo grave os EUA. Quando Nova York virou o epicentro mundial das contaminações, passou a aparecer todos os dias na TV anunciando medidas contra o vírus, enquanto ficava às turras com governadores que queriam impor o isolamento social.
A série de aparições de Trump na TV diminuiu após o presidente sugerir que as pessoas bebessem desinfetante para combater o coronavírus, o que causou reações negativas em todo o país. Com a repercussão, o presidente disse que estava sendo “sarcástico”, em que pese o fato de que esta não era a impressão passada por ele durante o anúncio da sugestão.