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Coronavírus

O coronavírus passou pela minha sala de trabalho

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Nessa pandemia, nossas características humanas, nossas dores e delícias de sermos o que somos, como canta Caetano Veloso, ficam ainda mais evidentes

Renata Martins Domingos

Conde (Brasil)
2020-05-16T19:04:00.000Z

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Inauguro hoje coluna semanal aqui nesse portal, depois de ter publicado textos na série de reportagens “Notícias da semana passada”. É honroso pra mim ter recebido esse convite, ao qual agradeço imensamente. Ter a possibilidade de divulgar suas ideias e vivências num espaço privilegiado de leitura como Opera Mundi é um presente pra quem está na luta diária contra a covid-19 à frente da Secretaria de Saúde de uma cidade de 25 mil habitantes no litoral sul da Paraíba, cidade de Conde, contida na microrregião de João Pessoa, capital.

Como forma de contar um pouco sobre essa minha experiência, seguirei com os textos nesta coluna semanal.

Tem muita gente que ainda acha que o coronavírus não vai chegar nela nem em seus parentes. Há ainda muita negação quanto ao poder desse vírus em toda a sociedade. Muitas pessoas fazem piada com o uso de máscara, riem quando dizemos para se cuidarem, não tomam os cuidados necessários, apesar de todas as recomendações.

Como Secretária de Saúde de Conde, sempre tive preocupação com os trabalhadores da Saúde. Sabemos que são eles parte da população que adoece com o vírus, além daqueles que estão no grupo de risco. Nesse sentido, garantir os equipamentos de proteção individual (EPI) tem sido uma luta, porque eles no início da pandemia estavam com preços acima do normalmente praticado no mercado (o capitalismo não perdoa nem em época de pandemia), e mesmo com contratos assinados e empenhados, tivemos e temos problemas com a entrega deles pelos fornecedores. É aperreio diário garantir EPIs pros trabalhadores.

Na parte administrativa da Secretaria, fizemos alguns rearranjos nos ambientes, sugerimos que as portas e janelas ficassem abertas, indicamos a necessidade do uso de máscaras, redistribuímos pessoas nas salas, reforçamos a higiene dos ambientes, adquirimos e instalamos dispenser de álcool gel nos corredores, distribuímos borrifadores de álcool líquido nas salas.

Como gestora da Saúde, tomei cuidado com todas as áreas da Secretaria, mais achava que os trabalhadores de Saúde que estão realizando diretamente a assistência aos usuários suspeitos de estarem acometidos pela covid-19 seriam os mais prováveis de se contaminarem. Isso porque a exposição é maior, a manipulação dos usuários é mais propensa a gerar a contaminação no Pronto Atendimento, nas Unidades Básicas de Saúde.

Mas quis o destino que os primeiros trabalhadores da Saúde a positivarem pra covid-19 em Conde tenham sido aqueles que trabalham na parte administrativa da Secretaria. São pessoas com quem despacho semanalmente, encontro na cozinha quando vou encher minha moringa de água, na sala do almoço, ou no corredor entre uma sala e outra. 

Bateu pânico: como estamos desprotegidos, apesar de tantos cuidados! Como vai se comportar o vírus nessas trabalhadoras? E a constatação final: o coronavírus passou pela minha sala de trabalho!

Além de toda a preocupação com a saúde dessas trabalhadoras, quatro mulheres, aumentou o medo daqueles que com ela trabalhavam na sede administrativa da Secretaria de terem contraído a doença também. 

Renata Martins Domingos é secretária de Saúde de Conde, na Paraíba
Decidimos por estabelecer um regime de trabalho excepcional nos 10 dias subsequentes, acolhendo sugestão da jovem fonoaudióloga que vem desempenhando a função de planejar e monitorar ações da Secretaria e em especial as de combate à covid-19, que consistiu em estar presente na Secretaria em cada sala apenas 1 pessoa nos próximos 6 dias úteis, enquanto as demais trabalhavam à distância. Fechamos a sala em que as pessoas almoçavam juntas, e colocamos a mesa redonda no corredor. Aumentamos as ações de limpeza, estabelecendo lapsos temporais mais curtos para que o chão das salas fossem limpos com água sanitária e as maçanetas das salas e interruptores também. À exceção da chefe da Vigilância em Saúde, guerreira no monitoramento das ações de detecção, testagem e comunicação dos casos positivos, dentre outras atribuições e de mim, todos os demais trabalhadores se revezaram entre trabalho à distância e presencial. As medidas visaram diminuir a exposição ao novo coronavírus, que possivelmente estava presente em papéis e equipamentos de informática da sede administrativa da Secretaria da Saúde. Como saber onde ele está?

Também foi realizada pela Vigilância em Saúde testagem rápida e o teste RT-PCR (Swab, que coleta material da nasofaringe) dos trabalhadores da Secretaria que tiveram contato com as trabalhadoras positivadas e estavam há 10 (dias) com algum dos sintomas que pudessem indicar a covid-19. Eu também fui testada, já que estava com a garganta arranhando há dias, sintoma para o qual não havia dado importância, porque sempre presente na minha vida, além de dor de cabeça. Não foram testados os assintomáticos nem aqueles que não estavam dentro da janela epidemiológica indicada para a realização dos testes.

Todos testaram negativo. Alívio!!!

Foram dias muito tensos, de choro, angústia, terror. Nessa semana de trabalho excepcional, foi também difícil lidar com a necessidade de aceleração dos processos administrativos que a pandemia exige e a morosidade que o trabalho à distância impõe. A comunicação rápida, olho no olho, presencial é mais efetiva e resolutiva do que a virtual. Tive que lidar com frustrações diárias e a morosidade nos processos administrativos de aquisição e contratação, que buscam dar resolução a problemas na gestão dos serviços de saúde, de pessoal. Tive que amainar minhas expectativas, tive que respirar fundo muitas vezes, suportar a pressão por resolver problemas e não conseguir o fazer na velocidade necessária.

Nessa pandemia, nossas características humanas, nossas dores e delícias de sermos o que somos, como canta Caetano Veloso, ficam ainda mais evidentes. 

O melhor presente que recebemos na Secretaria de Saúde de Conde nestas últimas semanas foi constatar que as quatro trabalhadoras positivadas evoluíram bem nos seus tratamentos, e que estão em franca recuperação dessa nova doença, todas em suas casas.

A vida prevalecerá e é por isso que continuamos firmes nessa luta diária contra a covid-19. 

Por isso, por nós que estamos aqui cuidando de todos vocês, fique em casa!

(*) Renata Martins Domingos é secretária de Saúde da Prefeitura de Conde, na Paraíba.

AnáliseSaúde

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Política e Economia

Economia e ecologia: os dois principais desafios do segundo mandato de Macron

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Novo governo francês tem um duplo desafio: reduzir o desemprego e melhorar o poder de compra da população em um país com crescimento estagnado

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2022-05-28T17:06:00.000Z

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Menos de uma semana após o anúncio do novo governo francês, as principais revistas do país enumeram os desafios que esperam a equipe da primeira-ministra Élisabeth Borne. Além das questões econômicas, apresentadas como prioridade diante de uma crise de poder aquisitivo que irrita a população, essa nova gestão também promete ser marcada por pautas ambientais, mobilizando vários membros do governo. 

Com a manchete “A grande crise econômica que nos ameaça”, Le Point dá o tom do que espera o governo francês. A revista semanal traz uma grande reportagem sobre o tema da inflação e da recessão que atingem boa parte do mundo e tenta explicar o impacto desse panorama nada otimista na França.

“Nós pensávamos que 2022 seria uma continuidade de 2021, ano da retomada econômica, com um crescimento de 7% no país”, resume o texto. Mas isso foi sem contar com os aspectos geopolíticos que estremeceram um contexto menos estável do que parecia. “A guerra na Ucrânia e as sanções econômicas contra a Rússia jogaram óleo quente em um fogo que estava calmo. De uma hora para outra, os preços das matérias-primas, da energia e os alimentos se inflamaram”, aponta Le Point.

Diante desse panorama, o novo governo francês tem um duplo desafio: reduzir o desemprego e melhorar o poder de compra da população em um país com crescimento estagnado. “Élisabeth Borne vai precisar de toda a sua experiência com ex-ministra do Trabalho para navegar nas águas turvas da economia francesa”, anuncia a reportagem.

Reprodução/ @EmmanuelMacron
Após reeleição, Macron anunciou um novo governo na França

Além disso, como aponta a revista L’Express, esse novo governo ainda tem pela frente o desafio de provar que pode melhorar a economia do país e ser ecológico ao mesmo tempo. Para isso, não apenas uma, mas duas ministras vão concentrar seus esforços nas questões ambientais: Amélie de Montchalin, que assumiu a pasta da Transição Ecológica e da Planificação dos territórios, e Agnès Pannier Runacher, com à frente da Transição Energética. Para completar, a própria primeira-ministra vai dirigir o que Macron batizou de Planificação ecológica.

No entanto, nenhuma das três tem experiência concreta em assuntos ecológicos e as duas ministras tem um perfil claramente “liberal e pragmático”, o que preocupa algumas ONGs ambientais. A revista L’Obs, que também traz uma grande reportagem sobre os desafios ecológicos do segundo mandato de Macron, vai além e diz que as duas ministras, que têm um “pró-business”, nunca tiveram nenhum tipo de engajamento ambiental em suas carreiras.

Mas L’Obs lembra que mesmo se em seu discurso de vitória Macron prometeu transformar a França em uma “grande nação ecológica, o próprio chefe de Estado, durante sua primeira gestão, não esbanjou declarações ecológicas. A revista, que não cita as alfinetadas dadas pelo líder francês no presidente brasileiro Jair Bolsonaro, criticando a gestão na proteção da Amazônia, afirma que boa parte das promessas feitas por Macron sobre o meio ambiente durante seu o primeiro mandato não tiveram grandes resultados concretos.

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