A declaração do presidente Jair Bolsonaro, de que testou positivo para o novo coronavírus, rapidamente ascendeu às manchetes dos principais jornais do mundo, nas Américas e na Europa, principalmente.
O jornal The Washington Post lembrou que o teste positivo vem após Bolsonaro passar meses minimizando a pandemia, chegando a chamá-la de “gripezinha”. “Repetidamente, se misturou no meio de multidões de apoiadores, ameaçou fazer um grande churrasco apesar das medidas de saúde e, recentemente, participou de uma festa na Embaixada dos EUA em Brasília”, disse o periódico.
O britânico The Guardian também resgatou o menosprezo com o qual Bolsonaro tratou o vírus. “Em março, enquanto a covid-19 fazia suas primeiras vítimas no Brasil, o líder populista de extrema-direita usou um discurso à nação para se gabar de que, caso fosse infectado, ele rapidamente se livraria da doença graças a seu ‘histórico de atleta’”.
Já o português Público destacou que, aos jornalistas, Bolsonaro disse estar “perfeitamente bem”. “Em declarações aos jornalistas em Brasília, Bolsonaro garantiu estar ‘perfeitamente bem’ e que a febre já está a descer. ‘Estou até com vontade de fazer uma caminhada, mas, por recomendação médica, não farei’”, afirmou.
O argentino Clarín destacou a declaração de Bolsonaro de que estaria “melhorando” por causa da hidroxicloroquina. “A droga, no entanto, não é recomendada por seus efeitos colaterais e não tem eficácia comprovada no tratamento contra a covid-19”, disse.
Veja as capas dos principais portais pelo mundo:
A emissora multiestatal teleSUR lembrou do encontro de Bolsonaro, neste final de semana, com o embaixador norte-americano no Brasil, Todd Chapman. “O embaixador dos Estados Unidos no Brasil e vários ministros de Bolsonaro vão se submeter ao teste de coronavírus logo após se reunir, durante o final de semana, com o mandatário.”
Isac Nóbrega/PR
Teste positivo de Bolsonaro virou manchete nos principais jornais do mundo
Já o alemão Süddeutsche Zeitung afirmou que, junto com os EUA, o Brasil é um dos principais focos da pandemia de coronavírus, e que Bolsonaro sempre se comportou de maneira diversa ao que especialistas em saúde pregavam. “Constantemente, ele aparecia sem máscara de proteção em espaços públicos, provocou aglomerações e fez selfies com apoiadores”, disse.
O argentino La Nación falou em “comoção” no Brasil. “Consultado sobre sua opinião a respeito do isolamento, [Bolsonaro] respondeu que o Brasil é um país muito grande e que “é preciso se preocupar com vírus”, mas também com o emprego dos trabalhadores informais. ‘Não se pode falar somente das consequências do vírus”, disse.
O canadense The Globe and Mail, por meio de uma reportagem da Associated Press, lembrou de outros exames de Bolsonaro. “[O presidente] Testou negativo três vezes em março após se encontrar com o presidente Donald Trump na Flórida. Múltiplos membros da sua delegação nos EUA tiveram confirmação, depois, de infecção pelo vírus”, afirmou.
Por sua vez, o jornal argentino Página/12 reportou que, mesmo durante o anúncio de que tinha coronavírus, Bolsonaro não manteve distanciamento social. “Fui muito criticado pelas medidas tomadas e minhas posições em relação à covid-19”, queixou-se o mandatário ante alguns jornalistas, sem respeitar o distanciamento e apenas utilizando uma máscara para evitar a propagação do vírus.”