Depois de médicos e enfermeiros alemães, Portugal recebeu uma equipe de profissionais de saúde da França que ajudarão no trabalho em UTIs portuguesas. O país enfrenta uma grave terceira onda do coronavírus.
Pequenos presentes de boas-vindas e fotos com autoridades locais: assim foi recebida uma equipe de profissionais de saúde francesa que trabalhará na unidade de cuidados intensivos do hospital Garcia de Orta, em Almada, no sudoeste de Portugal. O grupo enviado a essa instituição da periferia da capital portuguesa é composta por um médico especializado em reanimação e três enfermeiras.
Os profissionais foram acolhidos pelo secretário-adjunto da Saúde, Antonio Lacerda Sales. Para ele, a ajuda enviada pela França demonstra “a importância da solidariedade europeia”.
A embaixadora da França em Portugal, Florence Mangin, também acompanhou a chegada da equipe e conversou com a RFI. “Desde o início, a prioridade em Portugal são os profissionais de saúde. Eles realmente sofrem com a falta de médicos e enfermeiros”, diz.
Levar “um pouco de ar”
Sandra Fleury, enfermeira que faz parte do Corpo de Bombeiros de Lyon, no centro da França, espera poder aliviar as equipes portuguesas, sobrecarregadas nas últimas semanas. “Acho que eles estão exaustos. Por já ter trabalhado em UTIs, eu sei como é fisicamente e moralmente cansativo. É uma profissão que exige muita paciência, coragem e calma. Se pudermos contribuir levando um pouco de ar para eles, melhor”, afirma.
Reprodução
Explosão de casos em janeiro deste ano provocou uma saturação dos hospitais portugueses
A explosão de casos de coronavírus em janeiro deste ano provocou uma saturação dos hospitais portugueses. Mesmo que uma diminuição nos últimos dias tenha amortecido a situação, os profissionais de saúde ainda sofrem com a pressão. Cerca de 800 pessoas seguem internadas em estado grave nas UTIs do país.
Nos 36 leitos no serviço de reanimação do hospital Garcia de Orta, apenas cinco não estão sendo utilizados. No total, o local acolhe 25 pacientes contaminados pelo coronavírus em estado crítico.
O lockdown geral decretado em meados de janeiro ajudou a reduzir o ritmo de contaminações, mas o chefe da UTI do hospital Garcia de Orta, Antero Fernandes, prefere não se precipitar e comemorar. “Estamos um pouco mais tranquilos desde o último fim de semana, mas isso é relativo. Nosso setor está menos pressionado atualmente, mas a taxa de ocupação ainda é alta e a cooperação dos profissionais franceses é completamente necessária”, ressalta.
Depois de receber ajuda da França e da Alemanha, Portugal aguarda reforços que virão de Luxemburgo. Quatro profissionais de saúde luxemburgueses serão enviados em breve ao hospital de Évora, no sudeste do país.