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Coronavírus

Israel executa 'apartheid médico' ao impedir vacinação de palestinos, acusa político

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Mustafa Barghouti, parlamentar palestino, critica postura de Israel em meio à pandemia: 'limpeza étnica'

Lu Sudré

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2021-02-18T16:20:00.000Z

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Israel tem sido elogiado internacionalmente pelo êxito na campanha de imunização contra a covid-19, sendo o país que, proporcionalmente, mais vacinou sua população até o momento. Mas, quando se trata dos palestinos, a política implementada pelo Estado de Israel segue o sentido oposto. 

Enquanto 6,7 milhões de vacinas já foram administradas em Israel, conforme monitoramento do Our World Data, somente duas mil doses do imunizante da Moderna foram fornecidas, no início de fevereiro, aos palestinos. Serão aplicadas em profissionais de saúde que atuam na Cisjordânia ocupada.

Na última segunda-feira (15/02), a Autoridade Nacional Palestina (ANP) denunciou que o país bloqueou a entrada de uma remessa de 2 mil vacinas Sputnik V, de um total de 10 mil doses recebidas da Rússia, na Faixa de Gaza. 

Para Mustafa Barghouti, dirigente partidário da Iniciativa Nacional Palestina e membro do Conselho Legislativo, espécie de parlamento que reúne representantes dos territórios sob jurisdição da Autoridade Nacional Palestina (ANP), a postura de Israel em meio à pandemia dá continuidade a uma política de discriminação histórica.

“Começaram a imunizar qualquer um com um documento israelense mas ignoraram os palestinos completamente. Temos milhões de pessoas vacinadas e 5,3 milhões de palestinos abandonados. Gradualmente a doença vai se tornar muito mais proeminente nos territórios palestinos. É com isso e que estamos lidando e tentando convencer o mundo”, afirmou em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato.

O parlamentar, que também é médico e membro do Comitê Nacional Palestino contra a covid-19, explica que Israel controla 62% dos territórios palestinos e que, segundo o Artigo 56 da Quarta Convenção de Genebra, uma “potência ocupante deve, até o máximo de seus meios, manter os serviços de saúde nos territórios ocupados (o que inclui o enfrentamento a pandemias)".

Divergências

Segundo informações publicadas pela Agência Efe, deputados que integram o Comitê Parlamentar de Assuntos Exteriores e Defesa de Israel estão em desacordo sobre a liberação ou não das vacinas. 

O governo de Israel, por sua vez, argumenta que os Acordos de Oslo, assinados por israelenses e palestinos em 1993, criaram a Autoridade Palestina e estabeleceram que o órgão assumiria a responsabilidade pelos cuidados de saúde de sua população. 

Contudo, Barghouti relembra que o autogoverno tem ingerência em apenas 38% dos territórios palestinos e mesmo quando alguma medida é tomada em relação aos cidadãos que vivem nas áreas ilegalmente ocupadas, a exemplo do envio das vacinas russas no início da semana, a ANP é impedida.

“Os políticos de Israel estão violando todos os padrões morais da prática médica. A Autoridade Nacional Palestina não pode trazer vacinas a não ser que seja autorizada. Estamos com uma grande campanha contra a política racista de Israel, cada vez mais conhecida como a política do apartheid médico", critica o político. 

O dever da potência ocupante, de fornecer as vacinas em conformidade com o direito humanitário internacional, é também previsto nos Regulamentos de Haia de 1907.

“Eles violaram a Convenção de Genebra e sua obrigação como potência ocupante. Estão vacinando centenas de milhares de colonos ilegais e negando a 3,1 milhões de palestinos, vivendo na mesma área [Cisjordânia], o direito à vacina. Em Gaza, temos 2,1 milhões de pessoas que não foram vacinadas até agora”, ressalta.

AFP/Télam
País que mais imuniza no mundo, Israel disponibilizou apenas 2 mil vacinas para a Autoridade Nacional Palestina (ANP)

Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) também refutam o argumento israelense e endossam que a Convenção de Genebra se sobrepõe a acordos como o de Oslo.

Segundo Barghouti, as doses cedidas à Autoridade Nacional Palestina só foram disponibilizadas em resposta à repercussão internacional, a exemplo de pedidos da Organização Mundial da Saúde (OMS). 

“Sob pressão, deram apenas 2 mil vacinas enquanto tem 14 milhões de doses. A limpeza étnica é uma política oficial e uma prática comum de Israel. Eles estão tentando fazer essa limpeza na Cisjordânia para que possam anexá-la a Israel. Perdemos muitas pessoas que não deveríamos ter perdido”,  lamenta.

Ele denuncia ainda que milhares de vacinas próximas ao vencimento estão sendo descartadas ao invés de serem entregues ao palestinos e que Israel se comporta como se estivesse acima da lei internacional.

“É uma política muito racista e totalmente inaceitável. Agora, a maioria dos israelenses estão vacinados e estamos vivendo na mesma área mas não temos imunização. Mesmo os 130 mil palestinos que trabalham nos assentamentos ilegais não têm sido vacinados”, diz o dirigente da Iniciativa Nacional Palestina.

Barghouti acrescenta que o fato dos palestinos serem obrigados a passar pelos chamados checkpoints, as barreiras militares israelenses, é algo que potencializa a transmissão do novo coronavírus.

Mesmo enquanto Israel estava em quarentena, o político relata que os palestinos continuaram a trabalhar normalmente para conseguir sobreviver.

Com uma situação econômica extremamente vulnerável em consequência da própria ocupação militar, agora aprofundada pela pandemia, Barghouti relata que a quarentena não pôde ser implementada.

Segundo ele, a política adotada em detrimento da saúde dos palestinos inviabiliza a contenção do vírus como um todo na região. 

“Israel está cometendo um erro estúpido. O principal objetivo da vacinação é atingir a imunização coletiva. Eles não podem atingir essa meta se só vacinarem israelenses. A longo prazo a política israelense é prejudicial aos palestinos e a Israel”, afirma.

“Não só a infecção continuará a se espalhar como continuaremos perdendo pessoas mais velhas e doentes crônicos. É realmente horrível. Os hospitais estão quase cheios, o sistema de saúde não pode tolerar esse número de pacientes em situação crítica”.

De acordo com monitoramento da Universidade Johns Hopkins, 169.487 casos de infecção foram registrados na Cisjordância e em Gaza, sendo que 1.942 pessoas faleceram em decorrência da doença respiratória.

Além das negociações que devem ser feitas com a Rússia para a obtenção de mais doses da Sputinik V, a Autoridade Nacional Palestina aguarda o envio de 200 mil vacinas pela iniciativa Covax Facility, consórcio internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o fornecimento de imunizantes contra a covid-19 para países pobres e em desenvolvimento. 

O Brasil de Fato aguarda posicionamento do Ministério das Relações Exteriores de Israel sobre o assunto.

Saúde

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Sociedade

Número de vítimas de pedofilia dentro da Igreja pode chegar a 10 mil na França

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Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-03-02T22:41:00.000Z

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Desde 1950, 10.000 crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violências sexuais cometidas por membros da Igreja Católica na França. Essa é a estimativa do presidente da comissão independente que investiga a pedofilia dentro da maior instituição religiosa no país. 

A comissão foi criada em 2018 pelo episcopado francês e institutos religiosos após diversos escândalos no país. Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país. A estimativa foi feita a partir dos relatos recolhidos.

O número de crianças e adolescentes sexualmente abusados, no entanto, ainda pode mudar. “Nossa campanha está pedindo testemunhos, certamente não reuniu a totalidade [de vítimas]”, afirmou o presidente da comissão Jean-Marc Sauvé nesta terça-feira (02/03). “A grande pergunta neste momento é qual o percentual de vítimas que atingimos. 25%? 10%? 5%?”, completou.

O presidente da comissão não informou quantos são os possíveis agressores envolvidos. Segundo ele, no entanto, "em várias instituições católicas ou comunidades religiosas, tem havido um verdadeiro sistema de abuso, mas esta situação representa uma minoria muito pequena dos casos de que ouvimos falar".

Pxhere
Cerca de 10.000 possíveis vítimas de pedofilia cometida por membros da Igreja Católica na França foram identificadas desde 1950

O relatório final com recomendações de práticas de combate à pedofilia na Igreja deve ser divulgado em setembro. 

Responsabilidade pelo passado

Em fevereiro, a Conferência de Bispos da França reuniu 120 representantes ao longo de três dias para discutir a responsabilidade nos casos de pedofilia do passado. A discussão terminou sem nenhuma decisão prática.

"Nós concordamos todos que, no passado, houve falhas na gestão das coisas, sem falar dos crimes cometidos", afirmou o Monsenhor Luc Ravel. "Mas ainda estamos divididos sobre a noção de responsabilidade coletiva em relação ao passado. Alguns acreditam que é preciso solidariedade em relação às gerações precedentes", disse na ocasião da conferência.

Os 120 bispos devem se encontrar novamente no final deste mês para votar um dispositivo de reconhecimento do sofrimento vivido pelas vítimas que, se aprovado, pode prever medidas financeiras, criação de monumentos e políticas de prevenção à pedofilia.

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