O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, atacou novamente nesta quarta-feira (05/05) a China ao insinuar que o país asiático realiza uma “guerra bacteriológica” com a covid-19, além de sugerir que o vírus teria sido criado em laboratório.
A declaração do mandatário ocorreu em Brasília durante um evento sobre a rede 5G. O ataque de Bolsonaro acontece também ao mesmo tempo que o Senado brasileiro instalou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 para investigar a gestão do governo durante a pandemia.
“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês”, afirmou Bolsonaro.
A fala de Bolsonaro vai na contramão do relatório da equipe técnica da Organização Mundial da Saúde (OMS) que descartou a tese de criação do vírus em laboratório após visita à China. Os especialistas concluíram que é “muito provável” que o novo coronavírus tenha sido transmitido de morcegos para humanos por meio de um animal intermediário.
Com a insinuação, a declaração do presidente dá aval à versão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) que, em depoimento à CPI, disse que as tratativas com o governo chinês para obtenção de recursos contra a covid-19 foram prejudicadas pelo posicionamento anti-China do deputado e filho do presidente Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Marcos Corrêa/PR
Ataque do presidente acontece ao mesmo tempo que o Senado brasileiro instalou a CPI da covid-19
No evento, Bolsonaro ainda classificou como “canalhas” os senadores e Mandetta por levantarem questionamentos sobre o uso da cloroquina, sem comprovação científica, no tratamento da covid-19.
A comissão entrou com requerimento que pede os registros de todos os deslocamentos do presidente pelo comércio de Brasília e do entorno do Distrito Federal desde março de 2020. No entanto, Bolsonaro desdenhou da CPI, dizendo que “não interessa” os locais em que ele esteve.
“Recebo agora documentos da CPI para dizer onde eu estava nos meus últimos fins de semana. Não interessa onde eu estava. Respeito a CPI. Estive no meio do povo. Tenho que dar exemplo. É fácil para mim ficar dentro do Palácio da Alvorada. Tem tudo lá”, disse.
O Brasil permanece em terceiro lugar no ranking mundial de casos da covid-19. Segundo o levantamento da Universidade Johns Hopkins, o país contabiliza 14.856.888 infecções e 411.588 mortes por conta da doença. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) informou nesta terça-feira (04/05) que, em 24h, o país registrou 2.966 mortes e 77.359 novos casos.
(*) Com reportagem de Plínio Teodoro, Revista Fórum.