Os presidentes do México e da Argentina, Andrés Manuel López Obrador e Alberto Fernández, anunciaram o início da distribuição dos primeiros lotes da vacina AstraZeneca contra a covid-19 produzida pelos dois países, após meses de atrasos e complicações.
“Estamos sendo mais independentes, México, Argentina e América Latina, porque esse acordo que fizemos, o que vai permitir é que mexicanos e argentinos se juntem ao esforço, ao trabalho conjunto, de ter vacinas para mexicanos e argentinos, mas também para todos os nossos irmãos latino-americanos “, disse Fernández em uma videochamada com López Obrador.
Por sua vez, o presidente mexicano destacou que isso permitirá a distribuição da vacina covid-19 a vários países latino-americanos que apresentam problemas de acesso ao medicamento.
“Este acordo para a produção conjunta da vacina AstraZeneca já está começando a dar frutos. O que está sendo anunciado aqui é que as vacinas já serão produzidas na fábrica do México, o que permitirá ao México ter vacinas, que a Argentina tenha vacinas suficientes e também outros países da América Latina e Caribe”, disse López Obrador.
O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, explicou que os primeiros lotes serão liberados pela AstraZeneca neste final de semana. “O México vai receber 800 mil doses e a Argentina, 800 mil, meio a meio”, disse Ebrard durante conferência matinal no Palácio Nacional, da Cidade do México.
Reprodução/Governo do México
Fernández (esq.) e López Obrador anunciaram distribuição da AstraZeneca na América Latina
“A partir daí, a fábrica atenderá Argentina e México e países latino-americanos que fizeram contratos. É para aumentar a produção com esforços dos setores público e privado”, acrescentou o chanceler mexicano. O Brasil não está na lista de países deste contrato, já que fabrica as doses da AstraZeneca na Fiocruz.
Atrasos e problemas
Em agosto de 2020, México e Argentina assinaram contrato com a farmacêutica britânica AstraZeneca, para desenvolver e embalar a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford.
O laboratório argentino mAbxience, do grupo Insud, fabricou a substância ativa e o laboratório mexicano Liomont concluiu o processo de embalagem. A fundação do milionário mexicano Carlos Slim financiou os altos custos de produção.
No entanto, o projeto sofreu uma série de atrasos por vários meses, devido à falta de suprimentos para a conclusão do processo, devido à alta demanda mundial por filtros especiais – o que dificultava a produção.
Posteriormente, a vacina já embalada em território mexicano teve que passar por uma série de calibrações e testes rigorosos, antes que os primeiros lotes pudessem ser concluídos. Inicialmente, as primeiras doses deveriam estar disponíveis entre março e abril, mas somente no final de maio a distribuição do medicamento foi finalmente anunciada.
O acordo entre México e Argentina prevê a distribuição de 250 milhões de doses da vacina na região da América Latina.