O chefe do governo francês, Jean Castex, e o ministro da Saúde, Olivier Véran, apresentaram nessa segunda-feira (27/12) a nova estratégia de luta contra a pandemia de covid-19 no país. Diante da retomada do surto, que se acelera com a variante ômicron, a França vai reinstaurar o uso de máscaras de proteção em espaços abertos, além de incitar fortemente o trabalho remoto. O governo também vai impor novas regras de frequentação de bares, restaurante, cinemas e shows e o prazo para a administração da dose de reforço da vacina será reduzido.
“A situação sanitária na França é extremamente tensa”, disse Castex logo no início da coletiva de imprensa. “Tudo isso parece um filme sem fim”, completou. O chefe do governo lembrou que o país já ultrapassou a barra simbólica dos 100 mil novos casos de covid-19 em 24 horas (recorde batido há dois dias) e insistiu que “o elemento decisivo [para lutar contra a pandemia] é e continua sendo a vacinação”.
O ministro da Saúde disse que ainda não é possível afirmar com certeza se a variante ômicron é mais perigosa que a delta. Mas lembrou que esta cepa é mais contagiosa e pode resistir menos à vacina para quem ainda não tomou a dose de reforço. “Apenas metade das pessoas que deveriam tomar a dose de reforço já foram imunizadas”, detalhou Véran.
Por essa razão, o governo decidiu reduzir o intervalo exigido atualmente para tomar a dose suplementar do imunizante. “A partir de agora, apenas três meses serão necessários para tomar a dose de reforço”, declarou o premiê.
Castex também anunciou que a partir da próxima segunda-feira (03/01) o uso de máscaras de proteção, que vinha sendo exigido apenas em espaços fechados, volta a ser obrigatório em locais abertos nos centros das cidades. O limite de pessoas autorizadas em grandes eventos também será controlado. Apenas 2 mil participantes poderão se reunir em espaços fechados e 5 mil em locais abertos, inclusive nos recintos destinados a competições esportivas.
Os shows com público em pé serão suspensos e o consumo de bebida e comida em locais como cinemas, teatros e trens não serão mais autorizados. Consumir bebidas em pé, no balcão de bares e cafés, também será proibido.
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Ministro da Saúde lembrou que variante ômicron é mais contagiosa; país já registrou 100 mil novos casos diários
Trabalho remoto “obrigatório”
O chefe do governo também anunciou que “o trabalho remoto será obrigatório” pelo menos três vezes por semana, “quando possível”, a partir do ano que vem. Essa medida é “muito eficaz contra uma variante como a ômicron, que é muito contagiosa”, disse o ministro da Saúde.
No entanto, eles não deram detalhes sobre a implementação do dispositivo de atividade profissional a distância. Castex disse apenas que a ministra francesa do Trabalho, Elisabeth Borne, vai se reunir com os sindicatos a partir de terça-feira (28/12) para discutir o assunto. Ele ressaltou ainda que as medidas que acabam de ser anunciadas serão mantidas “pelos menos” durante três semanas.
O premiê descartou a hipótese de instaurar um toque de recolher para o Réveillon, possibilidade que vinha sendo cogitada para evitar as aglomerações na noite da virada. No entanto, ele pediu que a população evite reuniões numerosas e seja prudente.
Passaporte sanitário x passaporte vacinal
Dois temas esperados ficaram pendentes durante a coletiva de imprensa. O primeiro é o prazo de quarentena imposto para pessoas contaminadas pela variante ômicron, que vem sendo reduzido em alguns países. “Isso será definido no fim da semana após consultas das instâncias científicas”, disse o premiê.O chefe do governo também falou sobre a substituição do passaporte sanitário por um passaporte vacinal, dispositivo controverso, pois tornaria a vacinação obrigatória para uma série de atividades, como viagens ou o acesso a alguns locais fechados. Castex disse que a medida foi aprovada pelo Conselho de ministros, mas que ainda depende da validação do Parlamento. “Se essa nova regra for votada, ela entrará em vigor a partir de 15 de janeiro”, concluiu. Ele lembrou que o objetivo agora é “pressionar os que não foram vacinados”.