‘Sucesso extraordinário da vacinação em Cuba dá esperança para países pobres’, diz jornalista da CNBC
Único país da América Latina a desenvolver vacina própria, a ilha socialista criou cinco imunizantes e já vacinou mais de 87% da população
O sucesso extraordinário da vacinação contra a covid-19 em Cuba pode dar esperança a países pobres, sobretudo aqueles do “sul global”, defende o jornalista Sam Meredith, correspondente em Londres da rede Consumer News and Business Channel (CNBC).
A CNBC um canal de assinatura dedicado a notícias de negócios, de propriedade da NBC Universal, conglomerado norte-americano de comunicação.
O jornalista, em artigo publicado na última quinta-feira (13/01), destaca que a ilha socialista vacinou uma porcentagem maior de sua população em comparação com praticamente todas as nações maiores e mais ricas do mundo.
Até o momento, mais de 87% da população cubana foi totalmente vacinada contra a covid com três doses, incluindo crianças a partir de dois anos, que começaram a receber a imunização a partir de setembro de 2021.
O correspondente lembra que Cuba é também o único país da América Latina e do Caribe a desenvolver vacina própria até o momento, tendo criado cinco imunizantes, entre eles, Abdala, Soberana 02 e Soberana Plus
“A pequena ilha caribenha administrada por comunistas alcançou este marco mesmo enquanto luta para manter as prateleiras dos supermercados abastecidas em meio a um embargo comercial de décadas dos EUA”, diz Meredith.
Os projetos vacinais cubanos são compostos de subunidade proteica, baseados em inocular uma proteína da espícula do coronavírus para produzir uma resposta imunológica.
O processo de desenvolvimento é, portanto, diferente de gigantes farmacêuticas como Pfizer e Moderna, que utilizam tecnologia mRNA, e mais barato de produzir, além de não precisar de ultracongelamento.
“Isso levou as autoridades internacionais de saúde a divulgar as vacinas como uma fonte potencial de esperança para o ‘sul global’, principalmente porque as baixas taxas de vacinação persistem”, afirma o jornalista da CNBC.

MINSAPCUBA/Twitter
Cuba desenvolveu cinco imunizantes próprios e já vacinou mais de 87% da população
Para Helen Yaffe, especialista em Cuba e professora de História Econômica e Social da Universidade de Glasgow, na Escócia, o sucesso do desenvolvimento de vacinas na ilha socialista não surpreende porque “não surgiu do nada''.
“É o produto de uma política governamental consciente de investimento estatal no setor, tanto na saúde pública quanto na ciência médica”, disse a pesquisadora à CNBC.
Já para o professor John Kirk, do programa da América Latina na Universidade de Dalhousie, em Nova Escócia, Canadá, “apenas a pura audácia deste pequeno país de produzir suas próprias vacinas e vacinar 90% de sua população é uma coisa extraordinária”.
Ele defendeu, também em entrevista à CNBC, que o objetivo da ilha socialista não é “ganhar dinheiro rápido, ao contrário das corporações multinacionais", mas “manter o planeta saudável”. Kirk destacou ainda que Cuba se ofereceu para auxiliar na transferência de tecnologia e compartilhar experiência na produção de vacinas com países de baixa renda.
O próximo passo para que o país possa distribuir vacinas ao mundo, segundo os especialistas, é a aprovação dos projetos vacinais pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que envolve avaliar as instalações de produção onde as vacinas são desenvolvidas, além da revisão científica internacional de pesquisas.
O país acumula quase 1 milhão de casos confirmados desde o início da pandemia e 8.340 mortos no mesmo período. Com a disseminação da variante ômicron, doses de reforço têm sido aplicadas na população.