O governo cubano desenvolveu cinco vacinas contra a covid-19, das quais três foram aprovadas pelas autoridades do país para uso emergencial. No entanto, os estudos científicos da ilha estariam sendo “discriminados” em revistas internacionais de divulgação.
Em entrevista à RT en Español, publicada nesta quinta-feira (02/09), o diretor-geral do Instituto Finlay, Vicente Vérez Bencomo, que lidera a equipe que desenvolveu as vacinas Soberana 01, Soberana 02 e Soberana Plus, afirmou que há uma “barreira” que tende à “marginar os resultados científicos que chegam, geralmente, de países pobres”.
Bencomo disse que tem sido uma testemunha de como os editores de revistas científicas mais importantes do mundo estão rejeitando artigos de cubanos.
Segundo ele, houve casos em que, após negarem a divulgação, editores publicaram temas similares elaborados por autores de outros países. No entanto, para o cubano, a discriminação não é somente por uma questão territorial, mas também ao gênero das pesquisas.
Diante dessas limitações, os países com menos recursos tiveram que divulgar seus estudos em plataformas públicas, o que fez com que suas ideias fossem “roubadas” em alguns casos. “Sentimos que nossos resultados não são citados e aparecem depois publicados por multinacionais, sem nem mesmo citar nossa publicação”, disse o cientista.
Essa discriminação e veto aos estudos cubanos também fez com que fossem divulgadas informações falsas que lançam dúvidas sobre a eficácia dos imunizantes fabricados na ilha.
Reprodução/ @BioCubaFarma
Governo cubano desenvolveu cinco vacinas contra a covid-19, das quais três foram aprovadas para uso emergencial
Bencomo explicou que a produção do imunizante foi um desafio com grandes obstáculos devido ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos contra a ilha. As sanções têm dificultado o fornecimento e a aquisição de matérias-primas e insumos para a pesquisa e fabricação das vacinas.
De acordo com o período, o governo de Joe Biden foi um dos que questionaram a eficiência das vacinas fabricados no país caribenho e a capacidade da ciência cubana de lidar com a pandemia.
Estas afirmações foram respondidas pela comunidade científica de Cuba em uma carta na qual comunicaram ao mandatário norte-americano que ele foi vítima de desinformação e se referiram às experiências bem-sucedidas de imunização durante décadas, apesar do bloqueio.
Após o Ministério da Saúde de Cuba informar que mais de 1,3 milhão da população adulta de Havana ter sido vacinada com três doses contra a covid-19, o país caribenho começará a inocular crianças e adolescentes, cujos testes mostraram a alta eficácia e segurança da produção local.
Há 13 meses a biomedicina cubana desenvolve seis fórmulas de imunizantes contra o vírus sars-cov2. Cuba também foi o primeiro país da região a realizar testes com imunizantes para crianças e adolescentes.
A Abdala foi a primeira vacina da América Latina a receber autorização para o uso emergencial contra a covid-19. O imunizante já havia superado a taxa de 50% de eficácia exigida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com mais de 92% no esquema de três doses.
O esquema combinando duas doses da Soberana 02 e a terceira com a Soberana Plus apresentou 91,2% de eficácia e também teve uso emergencial aprovada pelo entro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médidos (Cecmed) de Cuba.
(*) Com RT en Español.