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Crônica

A história do U:

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Toda vez que ouço história de grampo digital, eu me lembro do U:, um drive pessoal da época em que trabalhava na Folha de S.Paulo

Haroldo Ceravolo Sereza

São Paulo (Brasil)
2021-01-21T18:09:00.000Z

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Toda vez que ouço história de grampo digital, eu me lembro do U:.

O U: era um drive pessoal na Folha, na época do MS-DOS. Imagino que a escolha não foi fortuita: na época, os computadores eram cheios de mensagens de duplo sentido, a mais famosa delas, logo que a gente ligava o PC, era "o hímen está testando a memória expandida".

Voltando: todo mundo tinha seu U:. Cada login (o meu era VOLO, de Ceravolo) tinha o seu. E em tese só você tinha acesso ao U:.

O U: de fato era secreto, ninguém chegava perto do U: do outro. Mas havia uma falha de segurança. O U: gerava um histórico, gravado no disco H:. E o H: era público. Ou seja, você não via o U: do outro, mas via mais: através do H:, todo arquivo gravado no U: ficava registrado, em todas as suas versões, exceto a ultimíssima.

Combinando o acesso ao H: com uma ferramenta de busca, os redatores mais espertos do jornal (juro que eu não fazia isso; mentira, fiz algumas vezes) líamos uns comunicados secretos. Como havia uma gramática na escrita de comunicados e recados, a gente colocava essas palavras-chave e separava, regularmente, o que era mais interessante.

Nunca vimos nada demais, até porque os chefes que desconfiavam da segurança do sistema, quando tinham algo realmente sério a comunicar, usavam a velha máquina de escrever, sem carbono.

Mas o pessoal mais ingênuo às vezes deixava o U: à mostra. Descobrimos, assim, que uma chefe foi capaz de fazer um relatório detonando todos os subordinados que contratara. E também ficamos sabendo que o Zeca Camargo ia pedir demissão da Ilustrada antes mesmo que ele terminasse de escrever seu pedido de desligamento.

Com isso quero dizer apenas que jornalistas adoram arquivos digitais.

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SUB40

SUB40 - Humberto Matos: A esquerda precisa juntar seus cacos

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Em entrevista a Breno Altman, youtuber e historiador ressaltou a importância da organização coletiva no combate a Bolsonaro

Camila Alvarenga

Madri (Espanha)
2021-03-05T12:25:00.000Z

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Na edição do programa SUB40 desta quinta-feira (05/03), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou o historiador e youtuber marxista Humberto Matos sobre sua trajetória como militante e a atual conjuntura brasileira. 

Para ele, a esquerda precisa “juntar seus cacos”, pois vem sendo atacada com muita violência, principalmente após o golpe de 2016. Sem pensar, no entanto, apenas em eleições. Pensando, isso sim, em criar novos horizontes políticos, firmar novas lideranças, ocupar espaços de discussão. 

“Cada líder de esquerda precisa ocupar o seu espaço. Isso significa entender a dimensão que cada um tem dentro da militância. O Lula, por exemplo, é a maior liderança do PT, que ocupe esse espaço. Não significa exigir dele um perfil revolucionário, porque isso nunca teve, mas exigir que ele se faça presente nos espaços que sempre teve junto aos sindicatos, ao MST, à classe trabalhadora”, defendeu.

O youtuber também se posicionou contrário a uma frente ampla para vencer Jair Bolsonaro em 2022 “a qualquer custo", porque "já vimos que tem um custo perigoso”. Ele acredita que uma frente de alianças é importante, mas que seja construída a partir de orientações políticas semelhantes, “não só juntando nomes para somar votos”.

Essa estratégia se faz especialmente necessária considerando que Bolsonaro ainda conta com uma forte base de apoio. Matos explica esse fator como sendo resultado da rede de disseminação de informações do presidente. “O exército de bots, as fake news, os canais de Youtube, são todos muito eficientes. Furar essa bolha é muito difícil. Estamos conseguindo, também por conta do genocídio diários que estamos vivendo, mas justamente diante dessa realidade, era para ele estar muito mais desconstituído do que está”, avaliou.

O youtuber lamentou o papel da grande mídia de massa, que poderia estar contribuindo para desmoralizar Bolsonaro, “mas não o faz porque não é interessante". "A mídia não tem um problema com o Bolsonaro, tem um problema com não estar participando do poder. Eles não querem uma mudança, querem um representante seu mais legítimo”. afirmou.

Falando sobre o atual presidente, Matos disse que ele é fruto de uma crise de estrutura prolongada do capitalismo e isso faz dele um fascista. 

“Bolsonaro não é algo aleatório, ele surgiu quando foi necessário aumentar a transferência da nossa riqueza para a centralidade global, porque o Brasil estava se associando a um outro eixo durante os governos do Partido dos Trabalhadores. Não era um governo revolucionário, mas que colocava restrições ao que o capital queria por ter uma raiz popular, apoio da classe trabalhadora, aliança com os BRICS. Então tudo foi subvertido para tirar o PT do poder. O produto dessa campanha violenta e perigosa foi o fascismo”, explicou.

Economia e marxismo

Seguindo essa linha de argumentação, Matos afirmou que o capitalismo nos condena a viver cada vez pior e que a pandemia escancarou os limites do sistema, vendido como muito eficiente. 

“O capitalismo não é eficiente, ele produz formas de atingir o lucro e a pandemia está mostrando isso. Não estamos mobilizando recursos para superar a pandemia por causa dos entraves do capitalismo. Quando olhamos a experiência em países de transição socialista como Vietnã e Cuba, vemos que estão produzindo resultados muito mais satisfatórios”, argumentou.

Nesse sentido, ele é taxativo: “quanto mais liberal, pior”, pois o liberalismo, e o neoliberalismo, estaria a serviço do capitalismo. Matos citou o colonialismo e o militarismo como outras ferramentas de manutenção do sistema

“O neoliberalismo é o estágio superior do imperialismo, a nova forma de colonialismo. Escraviza países do ponto de vista econômico, impedindo-os de se desenvolver plenamente. No caso dos militares, eu como marxista entendo que o Estado é um instrumento da classe dominante, uma classe capitalista. Os militares são o braço armado do Estado. Portanto, defende a classe dominante. Claro, não de maneira direta”, afirmou.

‘Quando cheguei no YouTube, era tudo mato’

A trajetória de Humberto Matos na política começou quando ele era pequeno, mas não da maneira como se espera de um militante da esquerda radical. Ele contou que sua mãe, professora do Magistério, tendia à direita - posição que ela rejeitou ao longo dos anos, identificando-se mais com a esquerda, atualmente. “Minha mãe era arenista e teve até uma época malufista”, contou o youtuber.

Seu primeiro contato real com a política foi quando entrou na faculdade de História e ouviu falar por primeira vez em Karl Marx. “Eu achava mais contundentes as respostas que o marxismo dava para a história”, recordou. 

Foi durante essa época que procurou um partido para se filiar e se engajar em movimentos sociais, “mas foi só quando me tornei professor que senti uma necessidade maior de ir além da educação. Era ingênuo pensando que só a minha atividade pedagógica transformaria o mundo”.

Matos relatou um pouco da sua experiência como professor e como logo no início da carreira teve de confrontar realidades muito opostas: “Dava aula numa escola das comunidades mais pobres, que as crianças iam para comer. Faltava tudo. Ao mesmo tempo, dava aula num dos colégios particulares mais caros. Tinha alunos que iam de camaro para a aula sem nem ter 18 anos”.

“Eu tinha realidades muito opostas escancaradas no meu dia a dia e via a brutalidade da disparidade de oportunidades que a desigualdade produzia na vida daquelas crianças. Aquilo não era razoável e atuar só fazendo pequenas coisas, precisava ir além e transformar a realidade com mais intensidade”, disse.

Assim, Matos criou seu canal no YouTube, em 2015, para tentar levar a consciência de classe para mais pessoas. “Quando eu cheguei era tudo mato, se dizer marxista era um sacrilégio, as pessoas não viam os vídeos”, confessou. 

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