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Crônica

São Paulo: onde a noite é mais escura

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O chão das ruas é varrido com o objetivo de eliminar o produto mais bem acabado do neoliberalismo: a miséria e os miseráveis da rua

Ricardo Queiroz

São Paulo (Brasil)
2021-02-06T13:55:00.000Z

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A noite de sexta foi escura em cima e nos baixios do Elevado João Goulart. Literalmente escura, sem eufemismos. A energia elétrica acabou no final da tarde tornando a noite mais escura, caprichosamente no cimo e nos baixios do Elevado, já que o entorno permaneceu iluminado. Mas a escuridão começou mais cedo, no início da tarde, quando a luz do dia ainda conseguia disfarçar o período de trevas.

Ontem o rapa limpa miséria da prefeitura municipal passou. São rapazes com coletes escoltados por guardas municipais e jatos d'água na retaguarda. O objetivo é tirar tudo que possa transformar a vida de quem mora nas ruas menos dura. Colchão, barraca, cobertor, mochila. O chão das ruas é varrido com o objetivo de eliminar o produto mais bem acabado do neoliberalismo: a miséria e os miseráveis da rua.

Não, não é novidade o rapa da miséria, ele é uma política pública longeva aplicada nas ruas sob alcunha de "operação administrativa". Há desculpas e discursos prontos para justificá-lo - dizem que é estímulo para que os moradores vão para os albergues, que na prática são inóspitos, e nem possuem vagas suficientes para a quantidade de gente que as ruas - o resumo é que a prefeitura quer mesmo é fazer desaparecer o fruto indesejado do seu projeto político. 

Segundo dados oficiais da própria prefeitura de São Paulo, entre 2015 e o ano passado (2020), a população de rua cresceu 53% em São Paulo, somando 24,3 mil pessoas. A última coleta parcial desses dados foi contestada pelos próprios recenseadores, que afirmaram os números coletados foram subestimados e houveram muitas omissões.

Para quem vive no centro, a discrepância dos números oficiais é obvia. Basta olhar nas ruas. Famílias inteiras vagando, crianças sozinhas ou em grupos se virando como podem, os idosos, os alcoólatras, o povo do crack, as trans, os trecheiros nômades, catadores. Alguns deles que vivem no híbrido, entre as ruas e alguma moradia precária.

É triste o cenário, a crise forçada de reformas solapadoras de direitos, o aprofundamento da miséria e achatamento do valor da força de trabalho somada à pandemia e à destruição do estado social legou ao povo das ruas a fome, as doenças, o abandono. É bom lembrar que o prefeito Bruno Covas, há poucos dias, mandou colocar pedras pontiagudas embaixo de viadutos aqui na Zona Leste, o que caracteriza uma política de jatos d'água e pedras, pensada e sistemática.

Ontem, por volta das 19:00 horas eu sai de casa e caminhei por um trecho dos baixios do Elevado João Goulart para comprar comida. Figuras conhecidas, pois são vizinhos sem teto, estavam ali sentadas no chão vazio, conversando ou dormindo. Alguns falavam do rapa em tom de ironia, acostumados ao massacre, outros revoltados, também acostumados ao assédio, mas ainda com alguma resistência, um ruído constante, ora ríspido, ora abafado, vários corpos imersos na escuridão.  

O cenário mais limpo que o usual, denunciava a crueldade da retirada do pouco de proteção que esse povo possui. Colchões, barracas, cobertores todos sumiram, um assepsia fascista e excludente. O desalento é a pior das escuridões.

Foi escura, mais escura que o conhecido, a noite de cinco, madrugada de seis de fevereiro, nos baixios do Elevado João Goulart, a falta de energia elétrica só foi um requinte dessas noite que parecem não mais acender.

Ricardo Queiroz
Foi escura, mais escura que o conhecido, a noite de cinco, madrugada de seis de fevereiro, nos baixios do Elevado João Goulart

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Política e Economia

União Europeia declara que texto de acordo nuclear é 'definitivo'; Irã nega finalização

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Negociações entre bloco econômico e Irã ocorrem para tentar salvar o acordo chamado Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), assinado originalmente em 2015

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2022-08-08T22:30:00.000Z

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Fontes da União Europeia informaram nesta segunda-feira (08/08) que o bloco econômico apresentou um "texto final" para o acordo nuclear que é debatido em Viena, na Áustria, com o Irã e com os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"Nós trabalhamos por quatro dias e hoje o texto está na mesa. A tratativa terminou, o texto é definitivo e não será renegociado", disse um funcionário do bloco, em condição de anonimato, aos jornalistas que acompanham os debates.

Pouco tempo depois, porém, o governo do Irã negou a informação por meio da declaração de um diplomata à agência estatal iraniana Irna. "Não estamos em uma fase em que sequer podemos falar de finalização de texto", disse o representante, em condição de anonimato.

Segundo o iraniano, ainda há alguns pontos em "suspensão" e o resultado das conversas "dependerá da determinação dos outros participantes em tomar decisões políticas sobre as propostas já apresentadas por Teerã".

Em Viena, outro funcionário da União Europeia contou aos jornalistas que as delegações dos países e organizações envolvidos deixariam o local e que agora "tudo dependerá da resposta formal dos participantes", o que deve ocorrer nos próximos dias.

European External Action Service/Flickr
Bloco econômico apresentou um "texto final" para o acordo nuclear; para Irã ainda há alguns pontos em "suspensão"

As negociações entre as partes ocorrem para tentar salvar o acordo assinado em 2015, chamado de Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA), que inclui todos os membros do CS da ONU (Estados Unidos, França, China, Rússia e Reino Unido - mais a Alemanha), com intermediação da UE.

O pacto perdeu força em 2018, quando o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o país do acordo e reimpôs sanções unilaterais contra o Irã. Como resposta, Teerã parou de respeitar diversos itens do pacto de maneira intensa, como o enriquecimento de urânio, o que poderia indicar a construção de armas nucleares. Na última semana, o governo do país chegou a dizer que já tinha essa capacidade, mas que não queria construir os armamentos.

No entanto, com a eleição de Joe Biden, que tomou posse em janeiro de 2021, voltou a ser aberta a possibilidade de que os EUA voltassem ao acordo para tentar apaziguar a situação.

E, desde o fim do ano passado, dezenas de reuniões entre delegações de todas as nações envolvidas foram realizadas para tentar a chegar a um novo acordo para a implementação das regras.

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