(Eclesiastes 3:1-3) Tudo tem o seu tempo determinado, e todo propósito debaixo do céu tem o seu tempo: Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Eis que, um dia, um jovem entusiasta das mais modernas tecnologias precisava contatar urgentemente – como tudo o é atualmente – um de seus amigos. Como combinara de enviar-lhe um arquivo, anexou o material por e-mail. Passaram-se 30 minutos e, como seu amigo não acusou o recebimento, mandou uma mensagem no Whatsapp alertando que, há pouco, enviara o arquivo por e-mail. Mais 30 minutos se passaram e, como a mensagem não foi visualizada, abriu o Instagram e percebeu que seu amigo havia postado alguns stories. De imediato respondeu a um deles solicitando para que ele olhasse, urgentemente, o Whatsapp.
Ao ver todas as tentativas de contato, seu amigo lhe questionou: então você me mandou uma resposta no storie pedindo para eu ver o Whatsapp onde você dizia que tinha me mandando um e-mail que eu já sabia que iria receber?
O jovem – como em uma revelação – percebeu, então, o que havia feito enquanto aguardava ansioso a resposta ao e-mail: abria um aplicativo, checava. Outro aplicativo, checava. Mais um aplicativo, checava. Quando havia visitado todos os aplicativos, voltava ao primeiro. E percebeu que, assim, passava todos os seus dias. E sequer conseguia lembrar o que costumava fazer quando não havia esta rotina ininterrupta de checagens.
Percebeu como estava a viver uma vida fantasiosa, dentro de uma bolha social, com uma enxurrada de informações instantâneas e quase sempre superficiais. E percebeu que, quando o algoritmo, por acaso, lhe entregava alguma opinião de fora da sua contumaz bolha de opiniões, se irritava, rangia os dentes. Bravejava, reclamava, até xingava. Ofendia-se e ofendia. E, então, voltava a checar mais um outro aplicativo. Para sentir que alimenta uma insaciável e voraz gula de nada. Uma fome do vazio.
Viu-se preso em um eterno retorno. Em um ciclo infinito de informações desnecessárias e doses homeopáticas de dopamina, estrategicamente disfarçadas de likes que causavam bem estar, sensação de recompensa e validação social. Percebeu, enfim, que o celular não havia se tornado uma parte dele. Mas que ele havia se tornado uma parte do celular. Ainda assim, mesmo percebendo tudo isso, abriu mais uma vez um aplicativo qualquer e, com o dedo que não mais lhe pertencia, rolou a tela para baixo.
E tu, que está lendo isto agora, perceba que na próxima frase que estará na tela do teu celular tem escrito que tua respiração ficará em modo manual. Não conseguirás mais respirar naturalmente, inspirando e expirando de forma espontânea. O celular – e o que nele lhe é mostrado – controla você. O celular é tua memória. O celular é tua biblioteca. O celular é teu lazer. Tuas senhas. Teu banco. Teu álbum de recordações. Os dono dos aplicativos do celular terem teus dados é o menor dos problemas.
O problema, na verdade, é os donos dos aplicativos terem tua vida para eles. E eles a tem. E você paga pequenas fortunas em um aparelho que te suga e te faz dependente, te aprisiona e te controla – inclusive tua respiração. E te faz perder teu tempo. E, ao assinar os termos de serviço sem ler, você entrega-lhes a alma. Em suas nuvens. Como um pacto.
Por isso, filhos, em verdade vos digo: se crês que tudo acontece no tempo de Deus, atentai para que não percas o tempo que Deus te deu para que tudo aconteça, caso contrário, nada acontecerá. A vida urge!
DESAFIO: Se leste até aqui, desligue teu celular – e todos seus aparelhos eletrônicos – durante 30 minutos. E reflita. Depois de 30 minutos, responda: ainda conseguiste encontrar a ti mesmo?
Por: @OCriador