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Cultura

Alemanha se prepara para batalha judicial sobre destino de obras de arte roubadas por nazistas

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Cerca de 1.400 quadros foram encontrados em um apartamento; calcula-se que, juntas, valham um bilhão de dólares

João Novaes

2013-11-07T20:30:00.000Z

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Após a surpresa provocada pelo anúncio da recuperação de cerca de 1.400 obras de arte que teriam sido roubadas ou confiscadas pelo regime nazista, a Justiça alemã começa a se deparar com o problema que deve ser a devolução dessas obras aos herdeiros legítimos. Nesta quarta-feira (06/11), o Departamento de Estado dos EUA pediu à Alemanha que conduza o processo de devolução das obras com “transparência”, de acordo com o Wall Street Journal.

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O pedido veio após consultas feitas com especialistas em direito de propriedade, advertindo que as leis alemãs nesse setor são muito rígidas e podem dificultar uma eventual restituição. Há mesmo a possibilidade de elas serem devolvidas a Cornelius Gurlitt, proprietário do apartamento onde elas foram encontradas, que atualmente se encontra desaparecido.

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O acervo encontrado está avaliado em cerca de US$ 1,35 bilhão (R$ 3 bilhões) e, após o levantamento, constatou-se que muitas das obras eram até então desconhecidas. O caso foi revelado no último domingo (03/11) pela revista Focus, mas já estava sendo investigado pela polícia desde 2011. Entre o material se encontram trabalhos de Pablo Picasso, Henri Matisse, Phillippe-Auguste Renoir, entre outros, incluindo uma série de pintores judeus. Todos os quadros eram considerados "subversivos" à época do nazismo e, portanto, proibidos.

Agora que foram recuperadas, essas obras deverão provocar uma verdadeira corrida aos tribunais em grande escala por pessoas que aleguem ser os herdeiros de direito desses trabalhos. Artistas como o cubista espanhol Picasso chegam a ter seus quadros avaliados em 220 milhões de reais. Matisse atingiu quase metade do preço.

O caso

O espólio foi encontrado, no início de 2011, no apartamento do octogenário Cornelius Gurlitt.

Cornelius herdou as obras do pai, Hildebrand Gurlitt, um colecionador de arte inicialmente ameaçado pelos nazis por ter uma avó judia, mas que, mais tarde, se tornou indispensável ao regime por seus conhecimentos artísticos. Chegou a ser encarregado por Joseph Goebbels, ministro da propaganda, de vender exemplares “de arte degenerada” expostos em museus alemães, para outros países.


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A maioria dessas foi obtidas pelos nazistas através de saques e roubos nas casas de famílias de judias. Houve casos até de subornos propostos por oficiais nazistas para que negociadores de arte judeus (que controlavam a maior parte do comércio de arte na época) conseguissem transporte de maneira segura para escapar dos massacres, em geral para destinos como Reino Unido.

Já Cornelius mantinha os trabalhos guardados em um apartamento sombrio e sujo, e sobrevivia com a venda ocasional de quadros. Ele foi flagrado viajando em um trem da Suíça à Alemanha com uma quantia de € 9.000 em espécie em 2011 (quando o limite permitido é de € 1.000). Como nunca trabalhou nem tinha declarado fonte de renda, a polícia fez uma busca em seu apartamento e, por acaso, descobriu os quadros.
 

Segundo a Focus, Hildebrandt teria dito ao final da guerra que o acervo foi destruído nos bombardeios das tropas aliadas contra a cidade alemã de Dresden, em 1945.

Já o jornal alemão Süddeutsche afirmou que ele teve suas obras confiscadas pelos Aliados em 1945 e, após uma série de inquéritos, as teve devolvidas em 1950.

Arte Degenerada

Todas essas obras, no entanto, têm uma característica em comum: eram classificadas pelo regime nazista como “arte degenerada”, termo utilizado para caracterizar de forma pejorativa o modernismo, cubismo e surrealismo. Elas eram banidas e proibidas por não seguirem conceitos da natureza germânica, além de terem uma natureza “judaica-bolchevique”.

Agência Efe

Apartamento de Cornelius Gurlitt, onde cerca de 1.500 obras de arte foram encontradas

Muitos dos autores cujas obras foram encontradas, como Marc Chagall, Max Beckmann, Paul Klee, ou Max Liebermann, eram judeus e tiveram alguns de seus trabalhos expostos na famigerada exposição “Entartete Kunst” (ou “arte degenerada”, em alemão), em Munique, cujo real objetivo era ridicularizar as obras, em uma tentativa da propaganda nazista de mostrar “a perversão do espírito judaico na Alemanha”, insuflando ainda mais a opinião pública contra os judeus.

Wikimedia Commons

Goebbels visita a exibição "Arte Degenerada" em Munique

Outros artistas degenerados que tiveram suas obras recuperadas foram Pablo Picasso, Henri Matisse, Otto Dix, Pierre-Auguste Renoir, entre outros.

Bom estado

Na terça-feira (05), a Procuradoria-Geral de Augsburg, na Baviera, condeu uma conferência de imprensa onde reconheceu ainda não saber o paradeiro de Cornelius Gurlitt. “Não temos informações sobre onde ele se encontra”, disse o procurador Reinhard Nemetz. Também não explicaram porque demoraram quase dois anos para anunciar o achado. As obras estão estocadas em local não revelado.

“Quando estamos perante estas obras de arte que, durante muito tempo, foram dadas como desaparecidas ou destruídas, sentimos uma alegria incrível. Estão todas em relativo bom estado. Algumas estão sujas, mas não estão danificadas”, disse a historiadora de arte Meike Hoffmann, que participou da entrevista.

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Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

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Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

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