Morreu na manhã desta sexta-feira (31/7) o historiador Eusebio Leal Spengler, vítima de um câncer, provavelmente no pâncreas, aos 77 anos. O governo cubano decreto luto oficial neste sábado (1/8) em sua homenagem.
“Vamos celebrar sua maravilhosa jornada pela vida, breve demais para aqueles que o amavam, por seu trabalho e por ele mesmo. Temos de seguir seu exemplo, o paciente e infinto trabalho de salvar o patrimônio de nossa Cuba, que tanto amou e para a qual consagrou sua vida”, afirmou o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.
Leal nasceu na cidade de Havana em 11 de setembro de 1942. Graduado em medicina após uma longa trajetória autodidata, ele era doutor em ciências históricas, mestre em estudos sobre América Latina, Caribe e Cuba e especialista em ciências arqueológicas.
Nos anos 1970, já trabalhava no serviço histórico da capital cubana. Opôs-se firmemente a projetos de pavimentação que descaracterizariam a capital de Cuba, propostos pela colaboração soviética.
Cubadetabe
O historiador Eusebio Leal Spengler (1942-2020), responsável pela restauração de Havana
Desde 1981, assumiu a direção ele se tornou o novo historiador da cidade de Havana, que, no ano seguinte, conseguiria a chancela da ONU como um Patrimônio Histórico da Humanidade. Conseguiu combinar a aposta de Cuba no fortalecimento do turismo com a implantação de um modelo econômico na capital que respeitasse seu passado histórico. Esse projeto permitiu a viabilização de uma rede de lojas, hotéis e atrações turísticas e de fonte de receitas fundamentais, inclusive, para a preservação do patrimônio.
Sob seu comando, e com o apoio de Fidel Castro, de quem era próximo, a cidade conseguiu recuperar algumas das mais importantes edificações do período colonial. Diversos prédios que estavam anteriormente em ruínas ressurgiram restaurados, entre eles o Capitólio Nacional, antigo Parlamento de Cuba, que tem um desenho semelhante ao Capitólio de Washington.
O historiador tornou-se também uma figura popular em Cuba devido ao programa de televisão “Andar La Habana” (Andar por Havana), que apresentava detalhes e histórias da capital do país para o grande público.
Católico, por diversas vezes atuou como ponte entre o regime cubano e o Vaticano. Integrou o Comitê Central do Partido Comunista a partir de 1991 e tornou-se deputado em 1993, onde atuou por diversos mandatos a partir de 1993. Como deputado, foi um dos defensores, sem sucesso, do casamento civil homossexual na ilha.
No ano passado, quando Havana comemorava os 500 idades de criação, Eusébio Leal foi um ausência sentida, resultado já do avanço do câncer.
Segundo o jornal Granma, as cinzas da cremação do corpo de Eusébio Leal serão conservadas para que, passada a epidemia da Covid-19, ele seja homenageado no Capitólio de Havana, um dos símbolos do seu trabalho.