Max Zakharovich Penson, fotógrafo russo, soviético e judeu, nasceu em 1893 na cidade de Velizh, próxima à fronteira com Belarus. A poucos quilômetros dali e alguns anos depois, em Vitebsk, nascia outro gênio do mundo moderno, Marc Chagall.
Enquanto Penson ainda era jovem, sua família se muda para Vilnius, na época, um importante enclave judaico na Lituânia. Lá, ele estuda na escola de arte da Sociedade Antokolsky. No entanto, com a ameaça crescente dos pogroms e o início da Primeira Guerra Mundial, em 1915, a família se muda novamente, desta vez para a Ásia Central.
Eles se estabelecem em Kokand, no Uzbequistão, cidade na qual deu continuidade à sua trajetória artística. Sob a supervisão do Comitê Revolucionário de Kokand, fundou uma escola de arte, na qual atuou como diretor e lecionou desenho e pintura para 350 alunos uzbeques.
Em 1921, em reconhecimento pelos seus serviços, Penson recebe uma câmera do distrito de Fergana, no qual Kokand está localizada. Foi com esse presente que ele desenvolveu sua paixão pela fotografia, que rapidamente se tornou seu principal foco.
Em 1923, Penson se muda para Tashkent, capital do Uzbequistão, e abre um estúdio fotográfico. Dois anos depois, em 1925, é contratado pelo jornal Pravda Vostoka, o maior da Ásia Central, no qual trabalha por duas décadas como fotojornalista.
Na União Soviética, os fotógrafos frequentemente se dedicavam a registrar os esforços de modernização, fosse na construção de edifícios ou nos campos agrícolas, refletindo o novo byt soviético.
No Uzbequistão, além de Penson, outros importantes fotógrafos soviéticos, como Georgy Zelma, Arkady Shaikhet e Max Alpert, documentaram as transformações locais.
Os temas variavam desde a emancipação das mulheres até o progresso industrial e a criação das fazendas coletivas. Penson contribuiu com suas fotos para a Agência Telegráfica da União Soviética (TASS), registrando momentos históricos.
Suas imagens capturavam a interseção entre tradições seculares e a modernidade soviética. Ele destacou, por exemplo, cenas de alfabetização de trabalhadores e a libertação das mulheres, que retiravam seus véus em público.
Em 1937, Penson alcançou reconhecimento internacional com sua participação na Feira Mundial de Paris, na qual sua foto “Madonna Uzbeque”, que retrata uma jovem mãe amamentando seu filho sem véu, foi premiada.
Além de seu valor documental, o trabalho de Penson tinha uma estética modernista que era admirada por seus contemporâneos europeus. Suas fotografias foram amplamente divulgadas em revistas soviéticas de grande circulação, como Ogoniok e URSS em Construção. Em 1937, ele foi premiado duas vezes pela revista Sovetskoe Foto e já havia exposto, em 1934, na mostra “10 Anos do Uzbequistão Soviético”, organizada por Aleksandr Rodchenko, nome relevante da fotografia da época.
Anos mais tarde, em 1939, Penson contribue com 300 fotografias para uma exposição que comemorava o 15º aniversário da República Socialista Soviética do Uzbequistão.
Ele volta a colaborar com Rodchenko na documentação da construção do Grande Canal Fergana, uma obra monumental realizada manualmente por 160.000 trabalhadores em apenas 45 dias. O projeto atraiu o interesse de vários artistas, fotojornalistas, e cineastas, como Sergei Eisenstein, que chegou a trabalhar em um filme sobre o canal, mas nunca o concluiu.
Penson e Eisenstein se conheceram durante esse período. Mais tarde, em 1940, o cineasta escreveu um tributo ao fotógrafo na revista Soviet Photo: “Não restam muitos mestres que escolhem um terreno específico para seu trabalho, dedicam-se a ele completamente e fazem dele uma parte integrante de seu destino pessoal… É praticamente impossível, por exemplo, falar sobre a cidade de Fergana sem mencionar o onipresente Penson, que viajou por todo o Uzbequistão com sua câmera. Seus arquivos fotográficos incomparáveis contêm material que nos permite rastrear um período da história da república ano a ano… Todo o seu desenvolvimento artístico está ligado a essa maravilhosa república.”
Apesar de sua marcante contribuição para a fotografia soviética, Penson enfrentou dificuldades com a ascensão do realismo socialista. Em 1948, como muitos de seus colegas, foi acusado de ser influenciado pela estética ocidental e forçado a deixar o Pravda Vostoka.
Max Penson faleceu em 19 de julho de 1959, em Tashkent, deixando um legado de imagens que documentaram a transformação de uma nação e seu povo.