O filme brasileiro Ainda Estou Aqui venceu neste domingo (02/03) o Oscar de Melhor Filme Internacional, na edição de 2025 do prêmio entregue pela Academia de Cinema de Hollywood, considerado o mais importante da Sétima Arte nos Estados Unidos. A cerimônia foi realizada em Los Angeles.
A obra de Walter Salles concorreu ao prêmio contra Emilia Pérez (França), Flow (Letônia), A Garota da Agulha (Dinamarca) e A Semente do Fruto Sagrado (Irã/Alemanha).
Durante seu discurso, após receber a estatueta, o cineasta Walter Salles dedicou o prêmio à memória de Eunice Paiva, que inspirou a personagem que protagoniza o seu filme. “Este prêmio vai para uma mulher que depois de uma perda tão grande, durante um regime autoritário, decidiu não se dobrar, e resistir”, ressaltou.
“Também dedico (o prêmio) às mulheres extraordinárias que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, acrescentou Salles.
A atriz Fernanda Torres também disputou um prêmio individual no Oscar, na categoria de Melhor Atriz., mas acabou sendo derrotada por Mikey Madison, que disputou por Anora. Outras concorrentes da categoria foram Cynthia Erivo (Wicked), Demi Moore (A Substância) e Karla Sofia Gascón (Emilia Pérez).
Ainda Estou Aqui esteve entre os indicados ao prêmio de Melhor Filme, a principal categoria da cerimônia, que também ficou com Anora. Os outros oito concorrentes foram O Brutalista, Um Completo Desconhecido, Conclave, Duna: Parte 2, Emilia Pérez, Nickel Boys, A Substância e Wicked.
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Precedente em 1960 ficou com a França
O cinema brasileiro disputou outras cinco vezes o prêmio de Melhor Filme Internacional – na época em que a categoria se chamava Melhor Filme em Idioma Estrangeiro (ou seja, não inglês).
A primeira disputa foi em 1960, com Orfeu Negro, e terminou com vitória. Porém, como se tratava de uma co-produção entre Brasil, França e Itália, com um diretor francês (Marcel Camus), a Academia de Hollywood registra oficialmente a premiação como uma vitória francesa, mesmo se tratando de uma história totalmente baseada na peça teatral Orfeu da Conceição, do poeta e compositor brasileiro Vinícius de Moraes.

Elenco que reproduziu a família Paiva no filme ‘Ainda Estou Aqui’, liderado por Fernanda Torres e Selton Mello
Há uma ressalva para o caso de O Beijo da Mulher Aranha, co-produção brasileira-estadunidense dirigida pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco e co-protagonizada pela atriz brasileira Sônia Braga, que disputou o Oscar na categoria principal, de Melhor Filme, em 1986 – foi derrotada pelo longa Entre Dois Amores, dirigido por Sydney Pollack e estrelado por Robert Redford e Maryl Streep.
A única estatueta conquistada por aquela obra foi na categoria de Melhor Ator, que ficou com o estadunidense William Hurt.
Os outros casos de brasileiros disputando o Oscar foram: O Pagador de Promessas (1963, perdeu contra o francês Les dimanches de Ville d’Avray), O Quatrilho (1996, perdeu contra o neerlandês Antonia), O Que é Isso, Companheiro? (1998, perdeu contra o neerlandês Caráter) e Central do Brasil (1999, perdeu contra o italiano A Vida é Bela).
No caso de Central do Brasil – outro longa dirigido por Walter Salles –, houve uma indicação para a categoria de Melhor Atriz, para Fernanda Montenegro, no papel da protagonista Dora. Ela perdeu a disputa contra a norte-americana Gwyneth Paltrow, por Sheakspeare Apaixonado. Vale lembrar que Montenegro também faz uma participação em Ainda Estou Aqui.
Em 2004, o longa Cidade de Deus concorreu em quatro categorias do Oscar: Melhor Diretor (Fernando Meirelles, perdeu para Peter Jackson por O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei), Melhor Fotografia (César Charlone, perdeu para Russell Boyd, por Mestre dos Mares), Melhor Edição (Daniel Rezende, perdeu para Jamie Selkirk, por O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei) e Melhor Roteiro Adaptado (Bráulio Mantovani, perdeu para Peter Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens por O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei).
Os últimos longas brasileiros a concorrerem em categorias do Oscar foram O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, que disputou a categoria Melhor Animação na edição de 2016 (perdeu para Divertidamente), e Democracia em Vertigem, de Petra Costa, que foi indicado a Melhor Documentário em 2020 (perdeu para American Factory).
Com informações de Agência Brasil.