Quarta-feira, 26 de março de 2025
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O Oscar de 2025 premiou No Other Land (Sem Chão), no último domingo (02/03), como o Melhor Documentário do ano. O filme dirigido por dois diretores palestinos, Basel Adra e Handam Ballal, e dois israelenses, Yuval Abraham e Rachel Szor, mostra a destruição de Masafer Yatta, conjunto de aldeias palestinas na Cisjordânia ocupada, pelo Exército israelense. Em meio ao conflito, o longa mostra a aliança entre Adra e Abraham, mesmo que cada um represente um lado da história.


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Ao receber o prêmio, os diretores fizeram um discurso contra as ações militares de Israel na Cisjordânia e em Gaza, além de uma forte denúncia contra o genocídio do povo palestino.

Basel Adra/Instagram
Ao receber o Oscar, diretores discursaram contra ações militares de Israel na Cisjordânia e em Gaza

Leia o discurso dos diretores na íntegra

Basel Adra, ativista e jornalista palestino

Obrigado à Academia pelo prêmio. É uma grande honra para nós quatro [diretores] e a todos nos apoiaram neste documentário. Há cerca de dois meses, me tornei pai e espero que a minha filha não tenha que viver a mesma vida que estou vivendo agora: sempre sentindo a violência dos colonos, a demolição de casas e o deslocamento forçado, vividas e enfrentadas pela minha comunidade todos os dias sob a ocupação israelense. No Other Land (Sem Chão) reflete a dura realidade que vivemos e resistimos há décadas, enquanto pedimos ao mundo que tome medidas sérias para acabar com a injustiça e com a limpeza étnica do povo palestino. 

Yuval Abraham, jornalista israelense

Nós fizemos este documentário, palestinos e israelenses, porque juntos nossas vozes são mais fortes. Nós nos vemos. A destruição atroz de Gaza e de seu povo precisa acabar. Os reféns israelenses brutalmente tomados no crime de 7 de outubro [de 2023] precisam ser libertados. Quando olho para o Basel [Adra], vejo meu irmão, mas somos desiguais. Vivemos em um regime em que eu sou livre sob a lei civil, e Basel está sob leis militares que destroem sua vida e ele não pode controlar.

Há um caminho diferente, uma solução política sem supremacia étnica, com direitos nacionais para ambos os nossos povos. E devo dizer, enquanto estou aqui, que a política externa deste país [Estados Unidos] está ajudando a bloquear esse caminho.

Por que vocês não conseguem ver que somos interligados? Que meu povo pode estar realmente seguro, se o povo do Basel [povo palestino] estiver realmente livre e seguro. Há outro caminho. Não é tarde demais para a vida, para os vivos. Não há outro caminho. Obrigado.