Pinguins não são bichinhos de estimação, não é possível adotar um deles. Mas, nessa história, foi um desses animais – de andar apaixonante – que, bendizer, adotou um pescador. Uma trama inusitada, de uma amizade extraordinária, que viralizou e chamou a atenção de produtores de Hollywood, que levaram às telas o enredo inspirado em fatos que aconteceram no Brasil.
Meu Amigo Pinguim chega às telas com a direção de David Schurmann e elenco multinacional. Filme já está em cartaz nos Estados Unidos e na França. A data de estreia no Brasil é em 12 de setembro
“Tô muito feliz de levar o Brasil para o mundo com essa história. Nós estamos lançando nos Estados Unidos no país inteiro. Esta, acredito, vai ser uma das histórias brasileiras mais vistas nos cinemas americanos. Fico muito orgulhoso de ser brasileiro, de contar essa história brasileira e levar o Brasil para o mundo com uma história muito bonita e com uma mensagem também sobre o meio ambiente, que eu acho que o Brasil tem esse papel tão forte e tão importante”, contou o diretor David Schurmann à RFI.
A história de amor de Seu João Pereira de Souza e do pinguim teve início em 2011, quando a ave chegou na Ilha Grande (município de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro). O animal muito debilitado e cheio de óleo foi encontrado na praia de Provetá, o pescador o levou para casa, deu banho, comida e muito amor e carinho. Mas, isso foi só o começo de uma amizade inusitada: o pinguim ganhou o nome de Dindim, e assim como todo amor incondicional que tem laços fortes, sobreviveu à liberdade e à distância.
Seguindo a premissa de que o bom filho à casa torna, Dindim, nas suas viagens de inverno – já que os pinguins migram durante essa época do ano do extremo sul da América do Sul para o Brasil em busca de águas menos gélidas – retornou durante oito anos seguidos para visitar o amigo em Angra dos Reis.
A amizade viralizou e chamou a atenção de produtores norte-americanos, que contrataram o brasileiro David Schurmann para dirigir o filme. Conhecido por Pequeno Segredo, filme indicado pelo Brasil para concorrer ao Oscar de 2017, aos 13 anos Schurmann começou a demonstrar sua paixão pelo cinema ao filmar as aventuras a bordo do veleiro de seus pais, durante a primeira volta ao mundo da família Schurmann, o que o conecta ainda mais com essa história.
“Eles falaram, nós temos essa história, a gente quer fazer uma ficção, mas vai ser em inglês. Perguntei onde queriam filmar e disseram que seria na Espanha, um lugar completamente fora. Eu falei ‘não, precisamos filmar no Brasil, essa história é brasileira’. Tudo bem filmar em inglês, porque eles tinham pesquisado e não havia atores mundialmente conhecidos na idade que precisavam, mas eu falei: vamos fazer no Brasil e acabamos filmando a maior parte em Ubatuba”, relembra o diretor.
Estão no elenco os brasileiros Pedro Urizzi, Thalma de Freitas, a argentina Alexia Moyano, e nos papéis principais a atriz mexicana indicada ao Oscar, Adriana Barraza, e o francês Jean Reno, que contou que achou a história muito tocante.
“Eu gosto do fato de que um animal tem uma alma, de alguma forma, e pode me salvar da minha solidão, da minha dor. No filme falamos sobre preservar os animais, preservar o mar e não destruir o planeta. Nós temos muitos objetivos com esse filme e como humanos temos muitos objetivos, e queremos viver juntos, essa é a ideia”, contou o ator francês.
Os pinguins
Para fazer o papel de Dindim vários pinguins de verdade se revezaram, mas alguns robôs e a tecnologia também entraram em cena.
“A gente usou todas as técnicas, a gente se resguardou. Quando eu encontrei o Fabian Gabelli, que foi o treinador de pinguins, um cara que se comunica com pinguins, ele me disse: o pinguim faz tudo. Eu não sei se acreditei imediatamente. A gente sempre sabe: ‘não faça filme com crianças, animais e na água’, que são os três perigos maiores. E a gente tinha os três nesse filme. Então eu falei, vamos garantir também ter animatronics, robôs, pinguins digitais para o que não for possível fazer com robôs, e foi isso que aconteceu”, detalha.
“Mas a gente conseguiu utilizar em 80% do tempo pinguins reais e foi incrível. Por mais que tenha sido um desafio, foi absolutamente lindo filmar com pinguins reais porque eles são muito inteligentes. Para a nossa sorte, em Ubatuba, tem o Instituto Argonauta para Conservação Costeira e Marinha e o aquário que resgatam pinguins que vem parar na costa brasileira, nessa época do ano. Eles resgatam, alimentam esses pinguins e os devolvem para o mar. Há alguns pinguins que eles não conseguem devolver, que os que têm problemas na asa, por exemplo, e foram esses pinguins que a gente acabou usando no filme”, conta Schurmann.
Algumas cidades brasileiras já tiveram pré-estreias e outras acontecerão nas próximas semanas. Mas, Meu Amigo Pinguim chega oficialmente aos cinemas do país em 12 de setembro com muito da história do Seu João, mas também liberdade cinematográfica.
“Esta é uma história baseada em fatos. Como toda ficção baseada em fatos, a gente toma uma liberdade artística. O Seu João, por exemplo, tem uma história com o filho dele que é diferente um pouco da nossa, a gente comprimiu o tempo, a gente toma essas liberdades. Mas eu acredito que está muito fiel dentro da história, principalmente da amizade do Seu João e do Dindim. Se você procura na internet, você vai ver os vídeos de verdade e se assiste ao filme, a proximidade é muito grande das duas histórias”, finaliza o diretor.